“Não represento o PT”, diz Dilma
Dilma Rousseff negou apoiar a resolução de seu partido que faz críticas duras ao candidato derrotado Aécio Neves
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A presidente Dilma Rousseff (PT) negou nesta quarta-feira (5/11) apoiar a resolução de seu partido, o PT, que faz críticas duras ao candidato derrotado Aécio Neves (PSDB), prega um projeto de “hegemonia” petista na sociedade e a regulação da mídia. “Eu não represento o PT”, disse.
Dilma conversava com jornalista de meios impressos no Palácio do Planalto na tarde desta quinta (6/11) e fazia a defesa do diálogo. “Eu não estou propondo nenhum diálogo metafísico. Quero discutir propostas”, afirmou Dilma quando a reportagem da Folha de S.Paulo a interpelou sobre a resolução petista, que tem tom beligerante.
“Eu não represento o PT. Eu represento a Presidência. A opinião do PT é a opinião do partido, não me influencia. Eu represento o país, não sou presidente do PT, sou presidente dos brasileiros”, afirmou.
A resolução petista, aprovada pela Executiva Nacional do partido na segunda-feira (3), afirma que Aécio estimulou “forças neoliberais” com nostalgia da ditadura militar, racismo e machismo. Para Dilma, é uma queixa partidária. “É deles, é típico”, afirmou, ressaltando que a oposição também é acusada da mesma agressividade.
Ainda falando sobre diálogo, Dilma foi questionada sobre o desafeto Eduardo Cunha, o líder do PMDB que é favorito para ser presidente da Câmara no ano que vem.Dilma parou, fechou o semblante e, com um sorriso irônico, disse: “Nós estamos convivendo há muito tempo com ele”, encerrando o assunto.
Sobre a chamada PEC da Bengala, que voltou a ser articulada entre setores do STF e Congresso para permitir a aposentadoria de juízes aos 75 anos (e não 70, como hoje), Dilma disse ser “muito ruim”. Na prática, a PEC tiraria teoricamente de chegar ao fim de seu novo mandato com 10 dos 11 ministros do STF indicados por governos petistas.
Em relação à renegociação do indexador das dívidas dos Estados, aprovada ontem pelo Senado e que irá para sua sanção, Dilma afirmou “ser complicado” se houver retroatividade comprovada da medida. “Tudo para trás estoura a bolsa da viúva”, disse. Mas ressalvou que “ainda estamos estudando” o impacto da medida, para aí então avaliar se haverá vetos. (Com a Folha)