TRAGÉDIA

‘Não temos como nos precaver de tudo’, diz Bolsonaro em Petrópolis

Presidente diz que população tem razão ao criticar falta de prevenção, mas aponta limitação do orçamento

'Não temos como nos precaver de tudo', diz Bolsonaro em Petrópolis (Foto: Twitter/Bolsonaro)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou não ser possível prevenir todas as tragédias como a que ocorreu em Petrópolis, onde ao menos 120 pessoas morreram e 116 estão desaparecidas em razão das fortes chuvas no início da semana.

Em visita à cidade da região Serrana do Rio de Janeiro, o presidente disse que o orçamento prevê investimento para evitar as ocorrências. Contudo, declarou haver uma limitação de recursos.

“Medidas preventivas estão previstas no orçamento. Ele é limitado. Muitas vezes não temos como nos precaver de tudo que possa acontecer nesses 8,5 milhões de quilômetros quadrados [área territorial do Brasil]”, afirmou ele à imprensa.

A edição desta sexta-feira do jornal Folha de S. Paulo mostrou que a gestão do governador Cláudio Castro (PL) executou apenas metade do previsto no orçamento do ano passado em prevenção de catástrofes.

“A população tem razão de criticar, mas aqui é uma região bastante acidentada. Infelizmente houve outras tragédias aqui. Pedimos a Deus que não ocorram mais e vamos fazer a nossa parte”, afirmou ele.

Ministro Rogério Marinho acompanhou Bolsonaro

O ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) também destacou o grande volume de chuvas que caiu na cidade, o maior em 90 anos segundo a Defesa Civil.

Ele afirmou ainda que “nenhum meteorologista previu” o aumento das chuvas no verão, informação básica do regime de precipitações no país, intensificada pela crise do clima.

“Até agosto, a pauta era a falta de chuvas e a crise hídrica. Nenhum meteorologista no Brasil previu o que aconteceria no final do ano. Pelo contrário, falavam em falta de água e energia”, afirmou o ministro.

Marinho afirmou que serão liberados R$ 1 bilhão de recursos emergenciais para Petrópolis e outras 50 cidades do país em situação de emergência ou calamidade pública em razão das chuvas, o que ele chamou de “catástrofes climáticas”.

Castro defendeu o trabalho de resgate de vítimas na cidade. Muitas famílias têm se queixado da falta de bombeiros para o auxílio na localização de corpos. Há muitos casos de moradores trabalhando sozinhos cavando a lama em busca de amigos e parentes.

“Não adianta ter gente demais aqui. Há um problema sério de trânsito. O local ainda está instável. Não adianta botar 2, 3, 4.000 pessoas ali”, afirmou o governador.

“Quem manda é a técnica. Temos número suficiente de acordo com o que a técnica manda. Não adianta encher de gente, porque vai criar mais confusão e dificilmente vamos conseguir ajudar a população.”

O ministro Braga Netto (Defesa) afirmou que há engenheiros e outros militares prontos para mobilização, aguardando a estabilização do terreno.

“O terreno é de difícil estabilidade. Precisa-se de estudo geológico muito pesado para não corrermos mais risco. Temos mais gente em condição de vir para cá, mas temos que controlar a vinda desse pessoal”, declarou o ministro.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, chegarão de outros estados 41 cães farejadores para auxiliar nas buscas. Atualmente são 16 animais, que precisam de 12 horas de descanso.