No Pantanal, áreas de pastagem plantadas triplicaram em três décadas
Números ajudam a explicar o que ocorre neste momento no bioma, onde o fogo já destruiu 19% de sua área total, conforme dados do Ibama
As áreas de pastagem plantadas no Pantanal mais do que triplicaram desde 1985, saltando de 656,5 mil hectares naquele ano para 2,25 milhões de hectares em 2019. O aumento é de 244%, superior ao registrado nos dois maiores biomas brasileiros, Amazônia e Cerrado, ao longo desses 34 anos. A extensão dessas terras é superior ao tamanho de Sergipe.
Os números foram levantados pelo GLOBO na base de dados do Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no Brasil (MapBiomas), desenvolvido por uma rede de cientistas e instituições de pesquisa que atuam com sensoriamento remoto e mapeamento de vegetação.
Eles ajudam a explicar o que ocorre neste momento no Pantanal, onde o fogo já destruiu 19% da área total do bioma, conforme dados do Ibama.
Por trás das chamas, pode estar a iniciativa de produtores rurais de ampliar áreas artificiais de pastagem, sendo essa uma das razões para as queimadas em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, segundo estudiosos ouvidos pelo GLOBO. O fogo é cada vez mais usado para limpar áreas que passam a servir para pastagem, sendo ateado na vegetação que dá lugar ao pasto.
Além disso, a Polícia Federal (PF) investiga fazendeiros que estão ateando fogo na vegetação ainda de pé; um dos propósitos é abrir áreas para pastagens. Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão na última segunda-feira, em Campo Grande e Corumbá (MS). Os alvos iniciais são cinco fazendeiros com propriedades rurais no Pantanal.