No primeiro debate com Iris, discussão de propostas supera ataques
Críticas entre os prefeitáveis aconteceram, mas não foram o foco durante as duas horas do programa
Na primeira participação do candidato Iris Rezende (PMDB) em um debate nas eleições de 2016, prefeitáveis discutiram propostas ao responder perguntas dos eleitores, jornalistas e entidades de classe. Algumas críticas surgiram, como quando Adriana Accorsi (PT) questionou a aliança de Vanderlan Cardoso PSB) ao governador Marconi Perillo (PSDB) na campanha e na resposta do pessebista, que disse que a petista tenta esconder seu partido e o fato de ser a concorrente que tem o apoio do prefeito Paulo Garcia (PT).
No primeiro bloco do debate realizado pela CBN Goiânia e Jornal O Popular na manhã desta terça-feira (27), os candidatos a prefeito Adriana Accorsi (PT), Delegado Waldir (PR), Francisco Jr (PSD), Vanderlan Cardoso (PSB) e Iris Rezende (PMDB) responderam perguntas enviadas pelos ouvintes nas áreas de emprego e renda, qualidade do serviço público, segurança, educação, transporte coletivo, lixo, mobilidade e valorização dos funcionários concursados.
A primeira a responder perguntas foi Adriana, sobre valorização do turismo. Ela afirmou que é preciso fazer parcerias com todos os setores que geram emprego e renda na capital. Ela afirmou que é preciso permitir que as vocações da cidade aconteçam.
Na sequência, Waldir falou que o servidor público tem sido penalizado pela má qualidade da prestação do serviço público. “Queremos acabar com a influência política dentro da prefeitura.”
Francisco Jr descreveu a criação de um ambiente seguro com três ações que incluem a cidade mais bem cuidada, limpa, iluminada, uma cidade mais vigiada por meio de câmeras de monitoramento e interlocução profunda entre a GCM e o cidadão. “Nós precisamos dar oportunidade para o jovem. O bandido antes era um jovem que ficou fora da escola sem oportunidade.”
Iris lembrou de quando foi governador e falou da criação da Universidade Anapolina “que o sucessor mudou o nome para Universidade Estadual de Goiás” ao responder pergunta sobre educação. Citou escolas em tempo integral, estágios. “A função do administrador é sentir o problema no momento e buscar a solução.”
Vanderlan, ao responder sobre o transporte coletivo, falou em pólos produtivos para reduzir em até 30% o uso de ônibus. E diz que trabalhará para implantar faixas exclusivas de ônibus nas pistas da esquerda das vias para não sacrificar o comércio.
Na segunda rodada de perguntas dos ouvintes, Adriana respondeu sobre educação infantil que foi essa estrutura foi implantada em Goiânia pelo ex-prefeito do PT Pedro Wilson. “Precisamos que nenhuma criança fique fora da escola.” Ela destaca que é preciso zerar o déficit de 5,5 mil vagas em CMEIs. “Ouvinte, você já ouviu que alguma empresa que não tem lucro se mantenha no transporte coletivo.” Waldir defendeu a criação de estacionamentos verticais, ônibus interbairros, ligeirinho (linha direta) para interligar, por exemplo, Goianira a Senador Canedo.
Sobre o lixo, Francisco Jr disse que o resíduo é uma oportunidade para a cidade. Para ele, é preciso ir além de incluir os catadores, com a separação do lixo e aproveitamento para reciclagem e geração de energia. “Hoje toda a coleta é destinada para o mesmo local.”
Iris, na mobilidade, prometeu terminar a Avenida Leste-Oeste e firmar acordo com as prefeituras de Trindade e Senador Canedo. E citou que desde o início sempre pensou longe para Goiânia.
Sobre o funcionalismo, Vanderlan disse que em Senador Canedo garantiu as titularidades, progressões e data-base sem parcelamento. “O servidor público vai ser tratado com respeito.” O candidato do PSB reclama que as últimas gestões na capital deixaram a cidade no caos.
Candidatos contra candidato
No segundo bloco, os candidatos fizeram perguntas entre eles. Adriana questionou o apoio do governador Marconi Perillo (PSDB) a Vanderlan após várias críticas feitas nas campanhas ao governo do Estado. “Eu mudei de partido apenas três vezes.” O pessebista disse os outros concorrentes que o atacam parecem ter amor por Marconi, já que falam tanto dele.
“Hoje o partido do governador está na vice da sua chapa, candidato”, disse Adriana na réplica. Vanderlan afirmou que a petista parece confusa, a ponto de mudar a cor do partido na campanha dela. “A política de ataques já cansou. O ouvinte quer ouvir propostas. O seu partido junto com o PMDB enterrou Goiânia.”
Delegado Waldir e Adriana Accorsi falaram sobre a “crescente violência” na capital em pergunta do prefeitável do PR. A petista defendeu o incentivo à educação e ao esporte a crianças e adolescente ao lado de políticas de primeiro emprego ao jovem, além da prevenção ao uso de drogas e o trabalho da Guarda Civil Metropolitana em parceria com a Polícia Militar e Civil.
Waldir dirigiu sua réplica ao ouvinte e prometeu criar a Secretaria Municipal de Segurança Pública. “Se o Estado faliu e fica esse jogo de problema para a União, nós vamos assumir e resolver esse problema.”
Adriana respondeu a Vanderlan na tréplica a Waldir. “Quero dizer que, ao contrário do que o candidato Vanderlan afirma, eu conheço muito bem a nossa cidade”, declarou.
Ao ser questionado por Francisco Jr sobre como administrar bem, Iris lembrou ao seu ex-companheiro de PMDB de quando teve seus direitos políticos cassados pela Ditadura Militar na década de 1960. Destacou que fez “as máquinas roncar Goiás afora” depois de meses de assumir o governo com folha de pagamento em atraso.
“É necessário mudar as práticas, é necessários mudar as posturas”, replica Francisco Jr. Iris disse que é preciso ter transparência no valor das obras e em todas as despesas públicas. “Com esse mar de lama que se desnudou no Brasil, a população brasileira não votar com facilidade mais não. Não adianta ter bons projetos e não ter competência”, declarou o peemedebista.
Segurança
Iris, ao questionar Waldir sobre segurança, disse estar assustado como a população tem se escondido da marginalidade para trabalhar e viver. “Eu só queria questionar do senhor da questão da contribuição. Na Lei Orgânica que o senhor fez, acho que no artigo terceiro diz que a segurança é atribuição do município”, responde o candidato do PR, que quer transformar o guarda civil em policial metropolitano.
Quando assumiu a prefeitura em 2005, Iris disse que tirou a empresa de segurança privada que “custava os olhos da cara” e implantou a Guarda Civil. E critica a gestão de Marconi na segurança pública com metade do efeito de antes. Waldir disse que não vai esperar ações do Estado ou da União e cita que delações premiadas aguardadas na Operação Lava Jato podem derrubar “panelas” e fazer com que o eleitor eleja um prefeito “que pode sair da prefeitura preso”.
Falha técnica
No momento em que Vanderlan perguntava a Francisco Jr, houve uma falha técnica e o sinal do debate parou de ser transmitido. Ao voltar o sinal, a pergunta é repetida. E o pessebista afirmou que parece que os problemas enfrentados pela capital não parece ser problemas das últimas gestões de PT e PMDB, que têm candidatos no debate.
Sobre o desenvolvimento da economia, Francisco Jr fala em incentivar o turismo, os artistas locais, as feiras, os pólos da moda de forma organizada. “Fazer com que esses trabalhadores venham para formalidade.” Vanderlan citou o acervo art decó e o turismo de negócios, que precisam ser divulgados e fortalecidos. Francisco Jr defendeu a revitalização do Centro e de Campinas.
Depois, o terceiro bloco começou com duas perguntas para cada candidato feitas por jornalistas da Jaime Câmara. Adriana é questionada sobre o peso do PT em uma possível gestão. A candidata afirmou que a candidatura dela representa a coligação e que o terceiro prefeito do PT em Goiânia, Paulo Garcia, fica na história da cidade. Ela disse que continuará a lutar pela inclusão de todos e da redução das desigualdades sociais, inclusive com aplicação do orçamento participativo.
Ao ser questionada sobre críticas pesadas que tem feito à aliança PSB e PSDB, Adriana disse que são pontuações necessárias para deixar claro quem são os candidatos. “Esse é o exemplo que meu pai me deixou de que nós temos que governar para o povo. Vou trabalhar sim em parceria com o governador Marconi Perillo.”
Segundo a petista, o que é bom ela vota a favor do povo, mas o que é contrária, como a terceirização das escolas estaduais, ela não apoiará.
Contexto nacional
Delegado Waldir, que se filiou ao PR, é questionado se essa indignação com corrupção dele é seletiva, já que se filiou ao um partido que teve grande parte de sua cúpula envolvida em escândalo de corrupção no Ministério dos Transportes. “Para ser candidato eu tenho que escolher um partido.” E destaca pesquisas que o indicam como melhor parlamentar como o mandato mais econômico na Câmara dos Deputados.
Sobre a queda nas pesquisas e um perfil truculento, Waldir questionou se é alvo de algum processo por abuso de autoridade. “Eu defendi a Jaime Câmara quando a Rotam passou por aqui”, lembrou o caso de intimidação de policias das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas contra a empresa.
Francisco Jr é questionado sobre a liberação de verbas pública para patrocinar festas religiosas. Ele respondeu que destinou recursos da cultura a uma festa que reuniu 20 mil pessoas e que está respaldado pela Constituição, que o direito a cultura e arte à população.
Em seguida, a pergunta foi sobre a falta de recursos e necessidade de ampliar impostos, se esse seria o caminho. “Não há sentido de falar em aumento de impostos, mas há sentido em falar de enxugamento da máquina, definir melhor os processos administrativos. Há sentido falar em gestão melhor administrada. R$ 5 bilhões é dinheiro em qualquer lugar do mundo”, respondeu Francisco Jr.
Na vez de perguntar a Iris, foi lembrada que em 2008 as subprefeituras foram sancionadas, mas sem implantar. Por que agora ele promete isso de novo? “Isso não se faz de um dia para a noite você implantar sete estruturas no município. Quando eu estava prestes a implantar a estrutura e tudo, eu deixei a prefeitura em 2010.” O peemedebista disse que hoje não, que agora ele tem tempo para realizar isso.
“Acabei não cobrando taxa de pavimentação porque não precisou, tinha dinheiro de sobra. Nunca fracassei em administração minha.” Ao dizer isso exaltado, Iris lembrou de quando assumiu a prefeitura pela primeira vez em 1965 e falou até no dom que Deus o deu de ser gestor público. O nervosismo veio ao responder pergunta sobre qual a responsabilidade ele tem no trabalho do atual prefeito, já que ele foi candidato com o aval de Iris.
Vanderlan, questionado sobre as doações de campanha, disse que defendia o financiamento legal de campanha, não o caixa dois. Sobre Marconi, Vanderlan disse que não vai administrar por meio dependente de grupos, partidos ou “picuinhas políticas”.
Último bloco
No último bloco, entidades representativas fizeram questionamentos aos candidatos. Adriana respondeu a pergunta sobre atenção à juventude. A petista disse que é preciso valorizar a cultura e o esporte aos jovens, criar a Virada Cultural e retomar o Cidadão do Amanhã para capacitar e dar oportunidade de vida digna a crianças de adolescentes.
Waldir, em pergunta sobre mobilidade urbana, defende o BRT e a criação da motovia para destinar um local exclusivo às motocicletas do lado direito. “Você tem que pensar em todos, nos motoqueiros, nos ciclistas, nos passageiros de ônibus.”
A pergunta para Francisco Jr foi sobre como desenvolver Goiânia de forma sustentável. O candidato do PSD defendeu o respeito e implantação do que já está previsto no Plano Diretor, como projeto de drenagem da cidade, telhados verdes e verticalização responsável.
Na vez de Iris, ele falou sobre planejamento urbano. O peemedebista afirmou que Goiânia precisa de um gestor atento aos problemas da cidade, como a conclusão de eixos estruturantes. Disse que é otimista sobre Goiânia e que pretende firmar parceria com a UFG para pensar a cidade.
Vanderlan falou sobre outros investimentos que garantam segurança. Ele citou a necessidade de capacitar a Guarda Civil Metropolitana e a Secretaria Municipal de Trânsito, a Agência Municipal do Meio Ambiente, a educação, a saúde, o esporte para a juventude, a cultura. “Eu administrei uma cidade que era apelidada de Senador Faz Medo.”