MEIO AMBIENTE

Novo rascunho da COP26 propõe dobrar financiamento para adaptação climática

Esboço publicado nesta sexta (12) traz avanços, mas ainda pode sofrer mudanças

Novo rascunho da COP26 propõe dobrar financiamento para adaptação climática - (Foto: Arquivo - Agência Brasil)

Um novo rascunho do texto negociado na COP26, a Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, foi publicado na manhã desta sexta-feira (12), com avanços nas propostas que buscam regulamentar o Acordo de Paris e aumentar a ambição das metas climáticas.

Entre os avanços para a agenda climática, o texto propõe a meta de dobrar o financiamento para ações de adaptação às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento até 2025, em comparação com os valores arrecadados em 2019.

O objetivo é equilibrar os esforços entre mitigação e adaptação. Em geral, os países doadores preferem investir em ações que reduzem as emissões de carbono, enquanto as medidas que precisam ser tomadas para garantir a segurança dos territórios diante das mudanças climáticas ficam por conta de cada país, aumentando a desigualdade de condição dos países para lidar com o clima.

O documento reconhece os impactos que os eventos climáticos extremos já causam em países em desenvolvimento. Em negociações que se estenderam até o final da noite da quinta (11), países mais vulneráveis ao clima e o bloco em desenvolvimento (G-77 mais China) propuseram um fundo voltado para perdas e danos, que teve resistência dos países desenvolvidos, responsáveis pelo financiamento climático.

O texto desta manhã saiu com a resolução de um fundo de perdas e danos dentro de “instituição de assistência técnica”, o que foi interpretado como uma forma de afunilar o montante que poderia ser destinado para uma área de gastos incalculáveis, já que as perdas climáticas podem ser, nos cenários mais catastróficos, irreparáveis.

A menção ao fim dos subsídios aos combustíveis fósseis, proposta no rascunho publicado na última quarta-feira (10), sofreu alterações que, segundo observadores das negociações, teriam a assinatura do lobby do petróleo e carvão.

A frase que convocava os países a “acelerar a eliminação de subsídios a combustíveis fósseis” foi trocada por uma chamada mais ampla, que fala acelerar um “sistema energético de baixas emissões”, inibindo apenas o carvão cujas emissões não sejam compensadas e subsídios que sejam “ineficientes”. As brechas permitem ao setor continuar atuando com tecnologias vendidas como “mais limpas e eficientes”.

Os itens de transparência, marcos temporais e mercado de carbono, pendentes para a conclusão do livro de regras de Paris, permanecem com pouca definição, mas há otimismo sobre as possibilidades de negociação.

Negociadores e observadores ouvidos pela reportagem acreditam que será possível concluir a regulamentação do artigo 6 (mercado de carbono) nesta conferência e que as diferenças técnicas sobre transparência e marcos temporais podem ser resolvidas com linguagens que acomodem as diferentes possibilidades dos países.

O texto passa por consulta dos países ao longo do dia e ainda deve apresentar novas versões até o final da conferência climática da ONU. Embora o encontro se encerre oficialmente nesta sexta, a previsão é que as negociações se estendam até sábado (13).