Alta letalidade

Novo vírus registrado no Brasil causa morte por febre hemorrágica brasileira

O ministério diz que funcionários dos hospitais por onde o paciente passou estão sendo monitorados e avaliados, assim como os familiares do caso confirmado em São Paulo

O Ministério da Saúde informou nesta segunda-feira (20) o registro de um caso confirmado da doença febre hemorrágica brasileira, causada por um novo vírus. A doença não era registrada no país há mais de 20 anos. O caso foi notificado inicialmente pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, que pediu apoio para investigação. Segundo a pasta, exames apontaram cerca de 90% de similaridade com o arenavírus, da espécie Sabiá.

A febre hemorrágica brasileira foi identificada pela primeira vez na década de 1990. Desde então, já ocorreram quatro casos em humanos, sendo três no estado de São Paulo, em área silvestre, e um no Pará. Nos últimos 20 anos, não houve novos registros. O caso confirmado neste ano foi registrado em um paciente adulto, morador de Sorocaba, no interior de São Paulo, e que morreu no dia 11 de janeiro.

Em nota, o ministério diz que o evento ocorreu de forma isolada e descarta risco. “Nesse momento, não há risco para trânsito de pessoas, bens ou mercadorias a nível nacional ou internacional”, informa. A confirmação, porém, acendeu um alerta entre autoridades de saúde devido à gravidade da doença, considerada de alta letalidade. Também levou o ministério a notificar a Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme exigem os protocolos internacionais.

O paciente que teve o caso confirmado teve o sintomas registrados no dia 31 de dezembro. Nos dias seguintes, passou por três hospitais. Ele não tinha histórico de viagem internacional. Inicialmente, o caso chegou a ser investigado como suspeito de febre amarela, mas exames descartaram a doença. O caso foi confirmado como febre hemorrágica brasileira após exames identificarem o arenavírus, que causa a doença.

Em geral, os primeiros sintomas são febre, mal-estar, dores musculares, manchas vermelhas no corpo, dor de garganta, no estômago e atrás dos olhos, dor de cabeça, tonturas, sensibilidade à luz, constipação e sangramento de mucosas, como boca e nariz. Com a evolução, podem ser registradas alterações neurológicas. Nesse período, o paciente pode apresentar sonolência, quadro de confusão mental e convulsões.

Segundo a pasta, ainda não está confirmada a origem da contaminação do paciente. O modo de transmissão, porém, é restrito, informa. “O que se sabe é que as pessoas contraem a doença possivelmente por meio da inalação de partículas formadas a partir da urina, fezes e saliva de roedores infectados. A transmissão dos arenavírus de pessoa a pessoa pode ocorrer quando há contato muito próximo e prolongado ou em ambientes hospitalares, quando não utilizados equipamentos de proteção, por meio de contato com sangue, urina, fezes, saliva, vômito, sêmen e outras secreções ou excreções”, informa.

O ministério diz que funcionários dos hospitais por onde o paciente passou estão sendo monitorados e avaliados, assim como os familiares do caso confirmado em São Paulo.