Número de vítimas do anestestista acusado de abuso sexual pode chegar a 50
Apuração se refere a apenas dois hospitais estaduais. Giovanni Quintella Bezerra foi preso e denunciado por estupro de vulnerável
A Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti investiga a suspeita de que 50 mulheres podem ter sido vítimas de estupro cometido pelo médico Giovanni em dois hospitais da rede estadual. Mas, como ele trabalhava em pelo menos oito unidades, entre públicas e particulares, o número de investigações deve aumentar ainda mais.
O Hospital da Mãe de Mesquita enviou à Deam de São João de Meriti uma lista de 44 nomes de mulheres que, provavelmente, fizeram parto com o médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, preso no último domingo acusado de abusar de uma parturiente no Hospital da Mulher, em São João de Meriti. Nos documentos estão os nomes das mulheres e o dia que elas deram à luz. Fontes da Polícia Civil afirmaram que o Cremerj entrou em contato com a delegacia para pegar detalhes do inquérito, que deverá ser usado para uma possível exclusão do especialista do órgão.
No primeiro inquérito, o do vídeo em que o médico aparece abusando de uma parturiente é que deverá ser enviado ao MP na próxima terça-feira, a polícia já ouviu 15 pessoas.
No segundo inquérito, que apura outros possíveis estupros de mulheres, até agora, oito pessoas, incluindo cinco mulheres que fizeram o parto com Giovanni, já foram ouvidas.
Pouco depois das 15h30, uma vítima que deu à luz no Hospital da Mulher, em São João de Meriti, no último dia 16 de junho, deixou o local após prestar depoimento. Ela foi ao local espontaneamente. Ela não falou à imprensa.
Denúncia do MP
A 2ª Promotoria de Justiça Criminal de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, denunciou à Justiça, nesta sexta-feira (15), o anestesista pelo crime de estupro de vulnerável, contra uma mulher que havia acabado de dar à luz, no Hospital da Mulher Heloneida Studart, no domingo (10). De acordo com a denúncia, os crimes em questão foram cometidos contra mulher grávida e com violação do dever inerente à profissão de médico anestesiologista.
Para preservar e resguardar a imagem da vítima, o MPRJ requereu sigilo no processo, bem como a fixação de indenização em favor da vítima, em valor não inferior a 10 salários mínimos, considerando os prejuízos de ordem moral a ela causados, em decorrência da conduta do denunciado.
Segundo a denúncia, Giovanni Quintella Bezerra, agindo de forma livre e consciente, com vontade de satisfazer a sua lascívia, praticou atos libidinosos diversos da conjunção carnal com a vítima, que estava sedada impossibilitada de oferecer resistência em razão da sedação anestésica ministrada. Sustenta que o denunciado abusou da relação de confiança que a vítima mantinha com ele, posto que, se valendo da condição de médico anestesista, aproveitou-se da autoridade/poder que exercia sobre ela, ao aplicar-lhe substância de efeito sedativo.
Foi tudo muito chocante
“Quando pegamos o celular, foi tudo muito chocante”. Essas foram as palavras de uma técnica de enfermagem de 36 anos que disponibilizou o celular para gravar o médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, no último domingo (10). Foram as imagens do aparelho dela que flagrou o especialista estuprando uma paciente após o parto. Ele foi preso em flagrante pelo crime de estupro de vulnerável. Nesta quinta-feira, após seu aparelho passar por uma perícia no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), ele foi devolvido e a mulher — em uma rápida conversa — contou o que viu.
— Foi tudo muito chocante. Não imaginávamos que iríamos ver aquela cena. Não imaginávamos que aquilo estaria no celular. Quando pegamos o celular foi tudo muito chocante — disse a técnica de enfermagem, que completou: — Ele estava la há dois meses e nos conhecemos durante as operações. Ele era reservado e não falava muita coisa.