Foi uma decisão correta e necessária de paralisar os testes mundiais da vacinacontra o coronavírus da AstraZeneca/Oxford, inclusive no Brasil. É para isso que os testes existem: detectar problemas e corrigi-los, se for possível; descartar a vacina, se necessário.
O que é preciso saber após a suspensão de testes de vacina contra Covid-19
Foi uma decisão correta e necessária de paralisar os testes mundiais da vacinacontra o coronavírus…
A interrupção vai causar um atraso significativo, mesmo que o prazo de avaliação seja reduzido, como tem sido o do desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19. A cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, afirmou nesta quarta-feira não esperar por uma vacinação global contra o novo coronavírus até meados de 2021, como projetam algumas especialistas. A OMS agora considera ser possível que apenas grupos de risco sejam imunizados até lá. A cientista-chefe avalia que o processo pode ser concluído mundialmente apenas em 2022. Ao mesmo tempo, a Dasa anunciou a quinta vacina que será testada em voluntários no Brasil.
Transparência, como a demonstrada até agora, será decisiva para garantir a segurança de vacinas como a de Oxford e a confiança da população.
Já a precipitação não ajuda em nada e mostra o quão equivocada foi a declaração do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, de que o governo brasileiro iria começar a vacinar a população em janeiro. Pressa é inimiga da segurança em saúde pública.
O caso de reação adversa, supostamente, foi de mielite transversa. Essa é uma doença rara e autoimune. Isto é, causada pelo ataque de organismo aos neurônios. Provoca paralisia e incontinência urinária e intestinal, por exemplo. Já foi associada antes a outras vacinas, como sarampo, rubéola e cachumba. Mas essa associação foi totalmente descartada. Essas vacinas não a provocam.
Porém, a plataforma da vacina AstraZeneca/Oxford é nova, e para ela, isso não foi estabelecido. A base é um adenovírus de macaco. Poderia ele ter levado à produção de anticorpos que deflagraram uma reação indesejada? Não se sabe.
Essa mesma mielite, no caso de ter sido ela a reação, já foi associada à Covid-19. Então, poderia a vacina não ter funcionado e a pessoa ter tido mielite em função da Covid-19? É menos provável. O laboratório já saberia, já que as pessoas são testadas.
Pode ter sido um problema da própria pessoa, sem relação com a vacina? Isso também será investigado.
E caso seja uma reação rara, qual sua ocorrência na população? É preciso saber, porque um caso em 50 mil não é tão raro, se considerarmos o universo que deverá ser vacinado, os 7 bilhões de habitantes da Terra. Será preciso avaliar a relação custo-benefício, entre as possíveis reações e as mortes por Covid-19 que serão evitadas.
Há uma série de questões para responder. E a resposta precisa ser divulgada e amplamente esclarecida.
O caso de forma alguma invalida essa e as demais vacinas. Mostra apenas que a pressa é compreensível, mas a segurança é mais importante. E a transparência, fundamental.