Não dá para negar que o vereador Djalma Araújo seja um político corajoso. Sem papas na língua, ele não tem medo de criar atritos com o deputado federal e potencial adversário nas eleições deste ano, delegado Waldir (PR), a quem chama de “fanfarrão” e diz que se coloca como um “messias capaz de resolver sozinho o problema da segurança pública”. “É um candidato que está vivendo de chavão e o eleitor agoniado com essa questão da insegurança na cidade demonstra o voto para o delegado. Isso é normal. Repito: é o voto da emoção”, sentencia o pré-candidato do Rede Sustentabilidade.
Nem mesmo o atual prefeito Paulo Garcia e o ex-prefeito e ex-pré-candidato Iris Rezende são poupados de suas críticas. “A gestão do prefeito Paulo Garcia foi desastrosa. Foi um estelionato eleitoral, principalmente quando usou a palavra ‘sustentabilidade’”, avalia ele, ressaltando que grande parte dos problemas dessa gestão foi herdada do peemedebista. Apesar disso, ele também não deixa de reconhecer a trajetória política do decano, que teve papel fundamental no processo de redemocratização. Justamente por isso, Djalma demonstra compaixão quanto ao desfecho de sua vida política ao analisar que Iris foi traído por integrantes de seu próprio partido, a quem ajudou a despontarem. “Eu acredito que eles apunhalaram o Iris e agora querem que ele saia para que eles tenham mandato de vereador”, crava. “Nesse aspecto sou solidário ao Iris.”
O perfil combativo do vereador se destaca também em sua atuação na Câmara Municipal de Goiânia. Em seu sexto mandato, ele não se esquivou de brigas com grandes empresários e as grandes construtoras de Goiânia, como, por exemplo, no caso da construção do empreendimento Nexus Shopping & Business, na Praça Latiff Sebba – cujos indícios de irregularidades levaram ao seu embargo na Justiça — ou em seus enfrentamentos com a chamada “máfia dos combustíveis” em Goiânia. É com esse mesmo espírito que ele diz pretender administrar o município. “Goiânia hoje não tem prefeito. Quem governa hoje é o setor imobiliário, é o poder econômico”, pontua, frisando que, mais do que nunca, se faz necessário um novo jeito de fazer política, “principalmente para os pobres”.
Entre suas principais propostas, o pré-candidato destaca a ampliação das escolas em tempo integral, a criação de um conselho de segurança pública liderado pelo prefeito, a taxação sobre lotes vagos na cidade, a revisão dos contratos do transporte coletivo e o investimento em estrutura física e recursos humanos para o Procon.
Confira os principais trechos da entrevista:
Recentemente, em uma postagem no Facebook, o senhor afirmou que o pré-candidato pelo PR, delegado Waldir, se apresenta como um messias “capaz de sozinho resolver o problema da segurança pública no País”. Em sua publicação, o senhor diz que ele não passa de um grande fanfarrão e questiona seus feitos enquanto parlamentar. Como o senhor avalia o fato de que ele aparece atualmente como líder de intenções de voto na capital?
Esse tema é importante. O delegado Waldir está recebendo o voto dos eleitores da emocionalidade, o voto da emoção. O eleitor, com a proximidade da eleição, vai dar o voto da razão. O delegado Waldir como deputado federal, eu pergunto para ele quais medidas ele tomou em relação à Segurança Pública, quais de suas emendas parlamentares foram destinadas à Segurança Pública no município de Goiânia e no estado de Goiás. É uma candidatura sorvete. Se colocar no sol, vai derreter. Quando falo de sol, é o debate político. Eu gostaria de fazer esse debate com ele, inclusive nessa questão da segurança pública municipal.
Percebo que o delegado Waldir não tem conteúdo. Não tem sensibilidade para administrar a cidade de Goiânia. Ele teria que lidar com vários enfrentamentos, não só na segurança. Como ele vai tratar a saúde pública, como vai tratar as questões ambientais, como vai tratar a mobilidade urbana? Vai romper os contratos com as empresas? Não vai romper, e se não romper, nada vai mudar. Qual será a relação dele com a Câmara Municipal de Goiânia?
Essa questão da segurança é uma das principais reivindicações da população de Goiânia. A educação, na minha opinião pessoal, é uma das maiores. Quando se fala em segurança pública, não está apenas dando o direito para a pessoa ir e vir. Está dando possibilidade da cidade melhorar, ter mais investimentos. Tem que ter um projeto global quando se pensa em segurança pública. Agora o delegado Waldir não tem conteúdo. Ele fica no velho chavão do “eu vou resolver [o problema d]a segurança pública de Goiás”. Mas de que forma vai resolver? É um candidato que está vivendo de chavão e o eleitor agoniado com essa questão da insegurança na cidade demonstra o voto para o delegado. Isso é normal. Repito: é o voto da emoção. O da razão virá com o tempo.
Outra coisa que eu percebo nele é que falta mais maestria nessa questão de se dar com responsabilidade nos fatos com relação à liberdade de imprensa, processando jornalista. Se for prefeito de Goiânia amanhã ele vai processar todos os jornalistas do Estado de Goiás? Esse é o grande debate. Essa questão da liberdade de imprensa para mim é fundamental. Para mim, a candidatura [dele] é retrógrada, atrasada, reacionária, altamente conservadora, que não discute as relações que envolvem a cidade, apenas a segurança pública. O delegado [Waldir] esteve no Distrito do Setor pedro Ludovico. Lá se prendia ladrão de galinha. Quero ver é prender os grandes ladrões e traficantes dessa cidade. Para isso é preciso ter força.
E o que o senhor pretende fazer, caso eleito, pela segurança pública em Goiânia?
O efetivo da PM está em menos de 15 mil há anos. As regiões da cidade às vezes tem duas ou três viaturas para combater a violência. A Polícia Civil investiga, a Polícia Militar é a chamada ronda ostensiva, a Polícia Federal tem outro aspecto. Eu vou propor um conselho gestor da cidade de Goiânia, presidido pelo prefeito — porque alguém tem que assumir a responsabilidade da segurança pública na cidade de Goiânia – e fazer grandes investimentos na Guarda Municipal. O estatuto da guarda municipal prevê ronda ostensiva, mas para isso é necessário estrutura e planejamento. É necessário fazer o monitoramento das grandes avenidas. É necessário fazer a política ostensiva em parceria com o Estado. É necessário ampliar os conselhos comunitários de segurança pública, mas aí tem que ter inclusão social para as famílias que vivem na extrema pobreza na cidade.
O orçamento público tem que ter 5% para a segurança no município. Nós queremos esses 5% com inclusão social. Queremos também a unificação das forças policiais. Não justifica a PC estar investigando, a PM estar investigando e a PF não estar investigando. Então há a necessidade de fazer uma unificação. A prefeitura precisa chamar para si essa responsabilidade. O conselho gestor, PC, PM, PF, Guarda Municipal, precisamos nos reunir uma vez por mês e enfrentar o crime com responsabilidade, com seriedade.
Outra coisa: precisamos desarmar os bandidos dessa cidade. É preciso combater o tráfico. Mas de que jeito? Com a Polícia Militar. Os exemplos de Bogotá [Colômbia] para mim foram importantes. Serão seguidos em Goiânia. Bogotá tem mais de 10 milhões de habitantes. Além do monitoramento de cada canto de Bogotá, foram identificados os grandes traficantes e os bandidos foram desarmados. Em Goiânia, quem desarmou os bandidos até hoje? Os policiais estão sendo assassinados. Então a prefeitura tem responsabilidade, sim, com a segurança. Em Bogotá a violência caiu quase 70%. Mas essa discussão também tem que envolver os empresários, porque na medida em que uma cidade é segura, terei mais investimentos nela. Isso significa o que? Mais geração de emprego e renda.Sem falar que a cidade precisa ser iluminada, precisa ser limpa. Vamos ocupar os espaços públicos da cidade. O bandido mesmo, a delinquência, vai ter que sair de Goiânia, porque Goiânia vai ter a melhor gestão de segurança pública.
Nós queremos dar unidade às forças e fazer um mapeamento de cada setor. Nós sabemos quem são os delinquentes que matam, que assaltam, em cada região. Eu sei que outro desafio que tenho que enfrentar na cidade de Goiânia é a chamada Audiência de Custódia, onde geralmente o delinquente é ouvido depois que assaltou a casa, depois que levou os bens que um cidadão comprou ao longo da vida com muita dificuldade, o juiz dispensa e o bandido volta para casa com uma tornozeleira. Isso é um absurdo em um Estado Democrático de Direito. É uma afronta à dignidade das pessoas de bem. Então nós precisamos também envolver o Judiciário na segurança pública. Envolver o Ministério Público.Os conselhos comunitários e de segurança precisam ser ampliados. É necessário que tenham estrutura. Resumindo quero chamar para mim, caso eu seja eleito, a responsabilidade pela segurança pública. Não com chavão. “Ah, vou criar pena de morte, que é isso que resolve. Vou criar prisão perpétua.” Isso é bobagem.
E a Polícia Federal precisa combater o tráfico, o grande traficante, porque o pequeno está muito difícil de se pegar. Quando pega, o Judiciário manda embora. Mas isso está na legislação. Eu não dou conta de mudar o Código Penal daqui, está entendendo? Não damos conta de mudar o Código Penal Brasileiro. É humanamente impossível nesse momento. O código precisa de uma grande reforma, assim como o sistema penitenciário. Mas acho que minhas propostas são cabíveis. A prefeitura tem como compartilhar, buscar recursos, através do Pronaci [Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania]. Existe muito dinheiro, mas tem que ter projeto. Essa Prefeitura de Goiânia não tem projeto. A segurança pública vai estar no gabinete do prefeito. Ele será o coordenador desse processo com uma assessoria competente. Os exemplos de Medelin e Nova York serão implantados em Goiânia. A tolerância zero com a violência será feita de forma planejada. Não justifica eu ter em uma região duas viaturas. É preciso 12 viaturas para fazer uma ronda ostensiva. A Polícia Militar no texto Constitucional é ostensiva, mas eu preciso agrupar a polícia investigativa. O traficante tem que ser combatido com rigor e a PF tem inteligência para isso. Se mapearmos a cidade nós vamos saber onde estão os grandes traficantes. Os delinquentes vão ter que se mudar de Goiânia. Não se faz segurança pública com chavão. Se faz com planejamento.
Claro que esse projeto terá sua ampliação discutida nas universidades, no setor empresarial – precisamos de recursos para isso. A prefeitura tem um orçamento previsto de R$ 5,7 bilhões. Para a segurança pública, zero. A Guarda trabalha à mercê da sorte. Mas é necessário unificar o trabalho da Guarda com o da Polícia Militar, como está no texto Constitucional. Precisamos de unidade, unificação. Os chamados PCs que existem nos bairros hoje serão ampliados. Todo bairro precisa de um PC. É o Ponto de Comando da Guarda Municipal, mas ele precisa estar equipado. Esses pequenos delitos, de briga de marido com mulher, o cachaceiro bo bar, etc. a Guarda pode resolver. Às vezes se desloca a PM para uma determinada região porque um marido está brigando com uma mulher. Ele tem que sair dali e ir para a delegacia, e a Guarda pode fazer isso. Não posso perder tempo da PM com esses pequenos delitos. Vai deslocar uma viatura para consolar vizinhos? Não. A Guarda Civil pode fazer isso. Tem que estar mais preocupado com os médios e grandes dolos, porque nós temos os traficantes que estão vendendo drogas para os meninos que não estão nas escolas em tempo integral. As escolas Século XXI precisam ser ampliadas e construídas, com aula, música, teatro, cinema, esporte, lazer. Porque os filhos dos pobres têm que ter direito às escolas dos filhos dos ricos.
O senhor é um vereador bastante atuante e está sempre presente na mídia. Apesar disso, as pesquisas indicam que sua candidatura por enquanto tem um número muito baixo de intenções de voto. Qual o motivo disso e como reverter esse quadro?
Eu estou realmente com baixo índice, apesar de ter crescido, porque não fiz pré-campanha. Eu tenho ocupado pouco espaço na mídia para falar de campanha eleitoral. Te agradeço, inclusive, pela oportunidade, assim como a algumas rádios que me ouviram. Mas a mídia é um grande partido político. Uma rádio de Goiânia fez um debate com alguns candidatos, menosprezando as outras propostas do contraditório. Existe na grande mídia em Goiânia o candidato consensual, que vai dar prosseguimento às velhas propostas. Isso existe, e eu acho que é uma coisa da Idade Média. Tem que abrir espaço para os demais candidatos que estão com 1%. A [Luiza] Erundina [ex-prefeita de São Paulo, no período de 1989 a 1993] tinha 1% poucos dias antes das eleições. Marconi [Perillo], quando disputou com o Iris, tinha 3%. Quem ganhou as eleições? Eu sei que para mim é um grande desafio. As nossas propostas não estão no senso comum. Então acredito que na hora que começar a andar, começaremos a mostrar para o cidadão o que pretendemos desenvolver, com os pés no chão e responsabilidade. Meu nome está ainda embaixo porque eu não fiz pré-campanha e tive pouco espaço na mídia goianiense. Não só eu. O Alexandre [Magalhães, do PSDC], o pré-candidato do Psol [Flávio Sofiati]. Eu tenho seis mandatos sem nenhuma relação com o poder econômico. Isso me dá espaço de crescimento, mas eu preciso andar. Digo para você que não estou fazendo campanha porque não pode pedir voto, mas pode pedir apoio. Então a legislação é frouxa e às vezes tenho medo de até fazer determinada visita ou determinada reunião porque vai que de lá sai um sujeito dizendo “vou votar em você”. Aí alguém filma e o que que eu vou fazer? Mas tenho agenda para fazer visitas, já. Nossa pré-convenção será no mês que vem com a presença da Marina Silva, e eu acredito que estou em pé de igualdade com todos.
O nome do partido do senhor carrega uma palavra que foi a bandeira do prefeito Paulo Garcia nas últimas eleições, que é a sustentabilidade. Como o senhor analisa os feitos do petista nessa área?
A gestão do prefeito Paulo Garcia foi desastrosa. Foi um estelionato eleitoral, principalmente quando usou a palavra “sustentabilidade”. Ele fez exatamente o contrário. Ele entregou a cidade para o setor imobiliário. Goiânia hoje não tem prefeito. Quem governa hoje é o setor imobiliário, é o poder econômico. Então ele desconstruiu a sustentabilidade. A sustentabilidade é a possibilidade de desenvolver a cidade do ponto de vista econômico, respeitando as legislações ambientais, as resoluções do Conama, o Plano Diretor da cidade. Em Goiânia não existe isso. Falo do Nexus, dos parques que foram todos dilacerados, como o Cascavel, obras mal feitas, superfaturadas. Então essa prefeitura não teve planejamento e Paulo Garcia passa para a história como o pior prefeito da cidade de Goiânia, inclusive, batendo continência para Daniel Antônio. Faltou planejamento, faltou responsabilidade. Ele nem sequer foi eleito vereador. Foi prefeito porque conseguiu a carcunda de Iris Rezende. O PT em Goiânia desconstruiu toda sua história. Ficou preocupado em aumentar impostos, abriua prefeitura para o setor imobiliário, e o que acontece hoje? É uma administração mequetrefe, sem responsabilidade com o planejamento urbano, com a ocupação do solo de forma sustentável. Estão falando que ele cometeu um crime nas retas das eleições, que é a expansão urbana da cidade. Nós precisamos é ocupar os lotes que estão vazios nessa cidade.
Um dos projetos nossos na questão do solo urbano é o imposto progressivo para as grandes propriedades. Ou vai construir, ou vai pagar imposto, ou vamos desapropriar. Vou desapropriar porque nós precisamos de dinheiro. Está na Constituição que a terra tem que ter sua função social. Eu estaria aplicando o que manda a lei. Estou dentro das regras do capitalismo. Não justifica criar esse monopólio de terra na cidade de Goiânia para especular e o setor imobiliário aumentar o preço da terra do jeito que ele quiser. Então, nesse ponto de vista, o Paulo Garcia não é prefeito. Quem está sentado na cadeira dele é o setor imobiliário.
O pré-candidato Alexandre Magalhães (PSDC) já demonstrou publicamente que tem a intenção de compor com o senhor em uma eventual chapa. Como estão as conversas nesse sentido? Há negociações com outros partidos?
Nós estamos conversando a nível nacional com o PDT. A nível local conversamos com o Alexandre Magalhães. Nós precisamos ter uma frente popular em Goiânia. A frente democrática popular. Essa questão de rotular se é de esquerda, se é de direita, não é isso. Nós queremos uma gestão democrática. Estamos conversando com o Alexandre, estamos conversando com o PDT, estamos conversando com o pessoal, com as pessoas que querem uma nova política em Goiânia. O nosso desafio é fazer essa nova política, para todo cidadão goianiense, principalmente para os pobres. Goiânia é hoje a cidade mais desigual que existe.
E qual deve ser sua estrutura de campanha?
Nossa estrutura é uma estrutura mínima. Uma estrutura que estamos consolidando com a direção nacional. Não vejo que dinheiro, só, resolve campanha. Em Goiânia a legislação [prevê o uso em campanha] de R$ 4 milhões. Não temos nem 10% disso. O que eu estou preocupado é que a militância da Rede e das pessoas que vão se incorporar no projeto de campanha tenham a disposição de andar de casa em casa na cidade de Goiânia mostrando o nosso projeto. A aliança com o PDT seria importante para que a gente pudesse ganhar espaço em televisão, mas vamos jogar nossa campanha muito na mídia eletrônica, nas redes sociais, onde 40% do eleitorado está. A intenção nossa é montar comitês, com tendas, e discutir com a população de cada região. Levar a tenda para um local, para outra região, e falamos das nossas propostas.
Dois temas pelos quais o senhor é bastante atuante na Câmara Municipal são a regulamentação dos aplicativos de transporte particular de passageiros, como o Uber, e o combate à chamada máfia dos combustíveis. Para o senhor, falta empenho da gestão atual com relação a esses dois assuntos?
Todos os aplicativos serão regulamentados. Eu sou autor do projeto que prevê a regulamentação de todos os aplicativos. Para romper com o sistema de transporte coletivo eu estou propondo uma nova licitação. É uma outra alternativa para a mobilidade e humanização do tranpsorte em Goiânia. Queremos um aplicativo de transporte para até 12 passageiros. Estamos trabalhando nesse aplicativo. Não dá para ir contra a tecnologia. O cidadão tem o direito da livre concorrência, que é extremamente salutar.
Com relação à máfia dos combustíveis, o Procon será um órgão fiscalizador com toda a estrutura. Queremos que tenha uma estrutura muito maior que a do Procon estadual. Não é para engavetar a demanda da população. Temos demandas não só naquestão da máfia dos combustíveis, não. Queremos um Procon que tenha uma sede local que promova as ações civis públicas, o que é competência do Procon. Estabelecer parcerias com o Ministério Público, que tenha estrutura e que tenha um carro para medir a qualidade da gasolina nos postos de combustíveis de Goiânia, que faça monitoração de preço. Não o Procon que é hoje, que fiscaliza só espetinho e venda de CD pirata. É um Procon que não existe. O Procon será fortalecido com recursos humanos, pessoas qualificadas e imparcial. O Procon terá autonomia para fiscalizar os pequenos, grandes e médios. Terá autonomia para fiscalizar. Não ouvirá do prefeito que não pode fiscalizar uma grande empresa. Não funciona assim. Essas relações promíscuas terão que acabar. O Procon será o órgão em que mais queremos investir.
Outra área na qual o senhor é bastante atuante é a do funcionalismo. O que o senhor faria à frente da prefeitura nesse âmbito, caso eleito?
Serão extintos todos os cargos comissionados. Vamos economizar R$ 6 milhões ou R$ 7 milhões mensais para me recompor. Os servidores da saúde e da educação são os mais penalizados hoje. Vou extinguir todas as secretarias extraordinárias, secretarias especiais, extinguir o gabinete militar, gerando economia. Todos os contratos da administração do Paulo Garcia passarão por auditoria. Vou extinguir contato com OSs, com a Idetech, que leva do município R$ 10 milhões por mês. Vou romper o contrato de limpeza da Secretaria de Saúde, que tem um valor de R$ 20 milhões, e vou fazer essa limpeza com R$ 4 milhões fazendo concurso público. Vou romper contrato de compra de vãs que a prefeitura gasta R$ 20 milhões lá na Secretaria de Saúde. Com esse valor se compra 15 vãs novas. Vou criar um conselho de cidadãos de bem da cidade para ajudar a amenizar e denunciar o desvio de dinheiro público. Dinheiro existe, o problema é que é mal aplicado.
Nós temos contratos superfaturados. Na área da saúde, todos são. Vou negociar com os fornecedores. Quero economizar com isso R$ 100 milhões por ano. Com imposto progressivo desse lugares vazios também vamos buscar mais dinheiro. Outra coisa: a democratização da gestão. O secretário da Secretaria de Saúde será escolhido pelos servidores. Tem que ter pessoa que tem competência e responsabilidade. Eleição. Na SMT, a mesma coisa. O prefeito tem que incorporar pessoas de bem na administração. Para mim não importa colocar na secretaria de Desenvolvimento Ecônomico ou na de Turismo um grande empresário. Eu estou pouco preocupado com sua visão ideológica. Estou preocupado com seu comportamento ético e sua responsabilidade com a cidade de Goiânia, a preservação ambiental. Não tenho preocupação de chamar alguém da Universidade, da sociedade para ajudar na administração. Mas secretarias como a de Educação, de várias complexidades, quem tem que indicar são os servidores. Vão escolher o melhor secretário entre aqueles que estão no quadro.
Falei aqui de várias formas de gastos porque preciso pagar a data-base em dia e não cai do céu o dinheiro. Outra coisa é o Instituto de Saúde dos Servidores. A prefeitura pega o dinheiro, gasta e não repassa. Vamos acabar com isso. O dinheiro do servidor será passado diretamente ao instituto. Isso é possível na medida que o secretário vai ter que trabalhar com seu próprio carro. Na medida que o celular não será mais usado para diretores e secretários. E outra coisa: administração não precisa de chefe de gabinete, não. Pessoa chegou, o secretário tem que ter alguém da própria estrutura da administração, uma secretária, para auxiliar. Um chefe de gabinete custa quase R$ 6 mil por mês. Antigamente tinha secretário e adjunto. Então isso será extinto porque não cabe mais essa velha política. Câmara Municipal terá ação de fiscalização. Quero que a Câmara ajude a fiscalizar. Não quero diretor de cargo comissionado. E diretores de postos de saúde serão escolhidos pela própria população. Não podemos transformar postos de saúde em feudos eleitorais. Na Comurg vou fazer uma grande reforma. Não justifica alguém ganhar R$ 30 milhões na Comurg. Será um órgão que vai cuidar das questões ambientais da cidade, além da Amma. Será fortalecida com pessoas extremamente sérias, começando pela presidência e sua equipe. Então, sem tolerância zero com a corrupção é impossível sobrar dinheiro para o servidor. Eu sei que é um desafio, mas qualquer outro candidato que proponha qualquer coisa que não seja cortar gastos excessivos, esqueça de administrar essa cidade. Vai repetir a velha política, vai repetir Paulo Garcia.
Em entrevistas recentes o senhor não poupou críticas ao ex-prefeito Iris Rezende, principalmente quanto à sua gestão enquanto prefeito de Goiânia. Em sua avaliação, qual o impacto que a herança deixada pelo peemedebista teve na gestão de Paulo Garcia?
Paulo e Iris foram irmãos siameses. Não posso tirar os créditos do Iris. Ele tem sua história. Saiu da política no momento certo e contribuiu muito para o processo democrático. Não posso negar isso. Agora, as críticas que faço com relação ao Iris são sobre o transporte coletivo. Ele disse que resolveria em seis meses e não resolveu. Ele disse que ia asfaltar Goiânia e asfaltou praticamente 90% da cidade, mas queria cobrar o aslfalto através da contribuição de melhorias. Veio o projeto para a Câmara. O vereador aqui com outros colegas nos juntamos e lutamos para que o asfalto chegasse na porta das pessoas de forma gratuita. A população não sabe disso. É impossível divulgar tudo, principalmente quando se é oposição. Quando se é oposição, pouca coisa sai na mídia. Às vezes sai o que interessa [à mídia]. Mas ele queria cobrar a pavimentação de asfalto em toda a Goiânia.
Critico também a forma de gestor que concentra tudo. Mas ele deu sua contribuição, reconheço isso. Sua contribuição foi tão grande que ele foi traído pelo próprio PMDB, pelo próprio Paulo Garcia. Se não fosse ele, hoje esses meninos que são vereadores, deputados federais estariam no anonimato. Quando a Dona Íris faz aquela cara para o Daniel Vilela, ela tem razão, embora eu discorde em muita coisa dela. O Iris fez o PMDB de Goiás nascer. Graças ao Iris que o PMDB conseguiu eleger esses vereadores e, inclusive, o Maguito [Vilela, prefeito de Aparecida de Goiânia]. Eu acredito que eles apunhalaram o Iris e agora querem que ele saia para que eles tenham mandato de vereador. Então o Iris tomou uma decisão sensata, vai descansar, fazer uma reflexão. Ele tomou a decisão mais sensata da vida dele. Quem quiser, que dê o pulo, e ele deu muito pulo. Ele participou do processo democrático. Teve grandes êxitos como prefeito, mas nesse aspecto, sou solidário a ele. PT traiu, Paulo Garcia traiu, foi o Judas. E no PMDB o que tem de Judas é uma coisa infernal. O Iris hoje é um homem decepcionado. E essa eleição hoje para ele não é uma eleição fácil, apesar do que aparece nas pesquisas.
Ele sai de cabeça erguida porque já foi governador, já foi ministro e etc. Tem que respeitar o Iris. Ele fez o PMDB sair das cinzas. Se não fosse ele não tinha vereador, Daniel Vilela de deputado federal. Então aquela cara da Dona Íris reflete a indignação no PMDB. E nesse aspecto sou solidário ao Iris.