APÓS CONCLUSÃO

OAB-GO tomará providência se confirmar autoria de advogado em agressão à petistas em Goiânia

Ordem afirma que o "episódio atinge temas muito caros à sociedade e à advocacia: a violência contra os pensamentos divergentes e a agressão a mulheres"

(Foto: OAB-GO)

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) diz que acompanhará o desenrolar da denúncia e investigação pela autoridade policial do caso em que dois bolsonaristas – conforme a boletim – são vistos agredindo petistas em uma lanchonete na Avenida T-10, no setor Bueno, em Goiânia. Segundo a OAB, tomará as providências cabíveis após a conclusão do inquérito. Entre os agressores que aparecem em um vídeo divulgado pelo Mais Goiás estaria um suposto advogado. O caso aconteceu na madrugada de domingo (16).

A jornalista Júlia Rodrigues de Barros foi um dos alvos. Ela, contudo, diz que só sofreu violência verbal, diferente de seus amigos. “Chegamos de uma festa e paramos na 10 para lanchar. Então, chegaram dois homens e uma garota. Em seguida, chegaram outras pessoas com adesivos do Lula e do PT e esses homens começaram a gritar ‘Bolsonaro’ e a provocar a gente. Nós gritamos ‘Lula’ de volta e as ofensas começaram.”

Ela narra que o bate-boca continuou e que, quando um dos homens foi para cima da amiga dela, o rapaz que estava com ela interviu e as agressões contra eles começou. “O pessoal que chegou depois e estava com a identificação do Lula veio apartar, mas os dois homens começaram a agredir. Um deles começou a bater em uma menina daquele grupo. Eu joguei uma daquelas mesas de plástico, para tentar apartar. Quando eles cansaram de brigar, foram embora.”

Ainda em nota, a OAB afirma que o “episódio atinge temas muito caros à sociedade e à advocacia: a violência contra os pensamentos divergentes e a agressão a mulheres”. Diz, ainda, que tomará as providências cabíveis após a conclusão do inquérito. “Independentemente da participação de um advogado no lamentável episódio – o que será objeto de apuração pela OAB-GO –, os fatos são lastimáveis e contrariam o direito constitucional dos cidadãos de se manifestarem livremente e de escolherem legitimamente seus representantes pelo voto.”

Confira a nota na íntegra:

“A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) informa que chegou ao seu conhecimento, por meio da imprensa e de vídeos que circulam nas redes sociais, episódio ocorrido em uma lanchonete de Goiânia no domingo (16) onde os presentes se envolveram em agressões verbais e físicas, culminando em socos de um homem, supostamente advogado, em uma mulher, além de vias de fato entre todos os envolvidos.

A OAB-GO acompanhará o desenrolar da denúncia e investigação pela autoridade policial com especial atenção e cuidado, uma vez que o episódio atinge temas muito caros à sociedade e à advocacia: a violência contra os pensamentos divergentes e a agressão a mulheres. A Ordem oficiará junto à Polícia Civil buscando informações e requerendo envio dos autos à OAB-GO após a conclusão do inquérito para eventuais providências.

Independentemente da participação de um advogado no lamentável episódio – o que será objeto de apuração pela OAB-GO –, os fatos são lastimáveis e contrariam o direito constitucional dos cidadãos de se manifestarem livremente e de escolherem legitimamente seus representantes pelo voto. A intolerância ali transbordante fere a democracia, valor maior da nossa ordem jurídica e princípio fundamental da República.

A OAB-GO tem enfatizado a necessidade de civilidade nas eleições e, neste momento, ressalta que é imprescindível para a paz social o respeito aos direitos humanos e políticos das cidadãs e cidadãos goianos. A postura de violência e de ódio constrange a sociedade no exercício maduro e constitucional e o debate necessário para a melhor escolha ao país, razões pelas quais chamamos atenção para a busca do equilíbrio.

Por fim, a OAB-GO condena com toda veemência a violência de gênero, por entender e defender que é inadmissível que mulheres sofram agressões brutais e hostis, sejam a que pretexto for.”

Espaço aberto

Os dois homens foram identificados nas redes sociais como Matheus e Eduardo. Contudo, durante a tentativa de contato, ambos apagaram os perfis. Um deles é advogado, mas o número de telefone não consta no Cadastro Nacional dos Advogados (CNA). O espaço segue aberto para que eles possam contar a versão deles.

Em contato com a assessoria da Polícia Civil, esta informou que, depois de realizar a ocorrência na Central de Flagrantes, a delegacia encaminhou as vítimas ao Instituto Médico Legal (IML) e os orientou a ir, na segunda-feira (17), na 4ª Delegacia Distrital Policial de Goiânia. Com exceção da identidade dos autores, a corporação confirmou os fatos narrados na denúncia. Eles não puderam repassar o boletim de ocorrência.