OMS: estudo global conclui que remdesivir e hidroxicloroquina não funcionam
Para chegar a essas conclusões, a agência envolveu mais de 30 países, 405 hospitais e pelo menos seis meses de estudos
Num estudo global e envolvendo mais de 11 mil pessoas, a Organização Mundial da Saúde concluiu que nem a hidroxicloroquina e nem o antiviral remdesivir mostraram eficácia contra a covid-19. Os resultados foram classificados como “decepcionantes” e reforçam a estratégia da entidade de focar seus esforços para garantir a maior campanha de vacinação da história, em 2021.
O remdesivir, que foi criado para dar uma resposta à crise do ebola, teria sido tomado pelo presidente Donald Trump. Já a hidroxicloroquina foi promovida por Jair Bolsonaro.
De acordo com o estudo, os remédios mostraram “pouco ou nenhum efeito sobre a mortalidade” ou na redução de tempo de internação para pacientes hospitalizados com coronavírus. Os produtos tampouco parecem ajudar os pacientes a se recuperarem mais rapidamente.
Se a cloroquina já havia sido abandonada por diversos países ao longo dos últimos meses, o remdesivir era ainda considerado como uma esperança e contava com uma autorização das autoridades nos EUA para seu uso emergencial.
A OMS ainda alertou para a falta de resultados positivos no caso da composição lopinavir/ritonavir e interferon. Nenhum deles ajudou os pacientes a viver mais ou a sair do hospital mais cedo.
“Para cada medicamento do estudo, o efeito sobre a mortalidade foi decepcionantemente pouco prometedor”, disse a OMS em uma declaração.
Para chegar a essas conclusões, a agência envolveu mais de 30 países, 405 hospitais e pelo menos seis meses de estudos.
2,7 mil pessoas receberam o remdesivir, enquanto outros 954 tomaram a hidroxicloroquina. O lopinavir foi receitado para 1,4 mil pacientes, contra outros 1,4 mil com o interferon.
Gilead Sciences, o fabricante do remdesivir, emitiu uma nota questionando os resultados da OMS. “Os dados parecem inconsistentes com evidências mais robustas de múltiplos estudos controlados publicados em revistas examinadas que validam o benefício clínico do remdesivir”, disse.
“Estamos preocupados que os dados deste ensaio global de rótulo aberto não tenham sido submetidos à revisão rigorosa exigida para permitir uma discussão científica construtiva”, disse a Gilead.
De acordo com a empresa, os benefícios do remédio foram demonstrados em três ensaios clínicos.