OMS teme que vírus da varíola dos macacos se instale em países não endêmicos
Casos confirmados já passaram de mil em 29 países fora do continente africano, a maioria na Europa
O risco de que a varíola dos macacos se estabeleça em países não endêmicos é “real”, disse nesta quarta-feira (8) a Organização Mundial da Saúde (OMS), após ter registrado mais de mil casos confirmados. Organização incentivou os países a aumentar suas medidas de vigilância sanitária para “identificar todos os casos e os casos de contato para controlar esse surto e prevenir o contágio”.
“O risco da varíola dos macacos se arraigar nos países não endêmicos é real, mas esse cenário pode ser evitado”, afirmou o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva.
“Já foram notificados à OMS mais de mil casos confirmados de varíola dos macacos em 29 países em que a doença não é endêmica”, completou o diretor-geral.
O surto começou em maio, com casos sendo inicialmente identificados em Reino Unido e Espanha. Depois, avançou para outros países europeus, como Portugal, Alemanha e França. Fora da Europa, o Canadá é o que concentra mais casos, com 80. Na América do Sul, a Argentina foi o primeiro a confirmar um caso. Atualmente, são dois. E o Brasil teve o primeiro positivo confirmado nesta quarta (8), em São Paulo.
Segundo a OMS, a maioria dos casos ocorreu em “homens que têm relações sexuais com homens”, mas não todos. Foram notificados alguns casos de transmissão comunitária, inclusive em mulheres.
O diretor-geral confirmou que nenhuma morte pela doença foi registrada nesses países. No entanto, relatou uma realidade diferente na África, onde a varíola dos macacos é endêmica. Naquele continente, apenas este ano já foram registrados 1.400 casos, com 66 mortes.
“É um reflexo infeliz do mundo em que vivemos que a comunidade internacional só agora está prestando atenção à varíola dos macacos porque apareceu em países de alta renda”, disse Tedros.
Sylvie Briand, diretora do departamento de doenças pandêmicas e epidêmicas da OMS, destacou que “a vacina contra a varíola pode ser utilizada para a varíola dos macacos com um alto nível de eficácia”.
No entanto, a OMS não sabe quantas doses estão atualmente disponíveis no mundo. E Tedros reiterou que a organização “não recomenda a vacinação em massa contra a varíola dos macacos”.
A doença, que não costuma ser fatal, pode causar febre, dor de cabeça, dores musculares, dor nas costas, gânglios linfáticos inflamados, calafrios e fatiga.
Depois aparecem erupções cutâneas (no rosto, palmas das mãos, plantas dos pés), lesões, pústulas e, por fim, crostas. Os sintomas geralmente desaparecem após duas a três semanas.