Transporte clandestino

Ônibus que levaria passageiros acidentados na BR-153 é impedido de seguir viagem devido a irregularidades

Segundo a ANTT, o veículo disponibilizado também é clandestino

O ônibus que substituiria o veículo acidentado na BR-153, na madrugada do último domingo (27), e levaria os passageiros até São Paulo foi impedido de seguir viagem devido a uma série de irregularidades constatadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), durante inspeção realizada na manhã desta terça-feira (29).

Segundo informações da corporação, o veículo está com para-brisas trincado, lanternas traseiras quebradas, os pneus lisos, sem condições de trafegar com segurança, e ainda apresentou uma pane elétrica no motor ao chegar no estacionamento do Goiânia Arena nesta manhã.

(Foto: Divulgação/PRF)

 

(Foto: Divulgação/PRF)

Além das irregularidades detectadas pela PRF, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) constatou que o veículo também é clandestino, assim como o ônibus envolvido no acidente, e não possui autorização de seguir viagem de linha. De acordo com a Agência, o automóvel não tem seguro de responsabilidade civil e nem alguns itens obrigatórios, o que, em caso de algum incidente, deixaria os passageiros sem nenhuma garantia.

Na semana passada, o veículo foi retido por uma equipe da PRF, no município de Caxias, no interior do Maranhão, por estar por estar com a documentação vencida e para-brisas trincado. Na ocasião, um documento foi assinado pelo condutor comprometendo-se a sanar as irregularidades. Apesar disso, o veículo estava em uma garagem em Goiânia e foi disponibilizado pela empresa para transportar os passageiros envolvidos no acidente, mesmo com as irregularidades.

O proprietário dos ônibus está na Delegacia de Investigações de Crime de Trânsito (Dict), onde presta depoimento neste momento. Ele será responsabilizado pelas infrações e deve receber multa de cerca de R$ 10 mil por cada ônibus. Além disso, os dois veículos irregulares foram apreendidos. Uma empresa regular irá disponibilizar aos passageiros um ônibus de linha para fazer o transporte até São Paulo ainda nesta terça-feira (29). O responsável pelos veículos clandestinos deverá arcar com as custas do transbordo.

Motorista

Na tarde desta segunda-feira (28), o motorista que conduzia o ônibus clandestino, Samuel Alves de Oliveira, de 47 anos, também prestou depoimento a policiais da Dict. Após o acidente que deixou duas pessoas mortas e mais de 40 feridas, o condutor saiu do local antes da chegada da PRF e foi para a casa de conhecidos, no Jardim Petrópolis, em Goiânia.

Segundo informações da Dict, sem saber dados do condutor, a equipe conseguiu o telefone do mesmo enquanto ouvia o motorista reserva do veículo. Ao entrar em contato Samuel, os agentes foram informados de que ele se apresentaria na presença dos advogados.

Na delegacia, o homem alegou que chovia bastante no momento do acidente. O motorista trafegava na BR-153, pela faixa da esquerda, quando avistou um carro. De acordo com o depoimento prestado, Samuel não teria percebido que o veículo estava parado e ao tentar desviar, perdeu o controle do ônibus e caiu.

Ainda conforme a Dict, não há provas da presença do carro parado da via. Somente após o laudo técnico da perícia, previsto para sair em 15 dias, será possível confirmar ou não a versão do condutor.

De acordo com a PRF, a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de Samuel está vencida desde junho do ano passado. Além disso, constatou que o tacógrafo (equipamento que se assemelha à caixa preta dos aviões) não está devidamente aferido e o condutor não possui curso obrigatório de transporte de passageiros. Sobre o referido curso, a Dict informou ao Mais Goiás que o motorista apresentou um diploma de capacitação realizado em 2015.

O homem poderá responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Ele será multado pelas infrações de trânsito cometidas. O valor chega a quase R$ 500. A PRF também irá lavrar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por exercício ilegal da profissão.