Padre atropela homem suspeito de furtar paróquia no interior de São Paulo
Religioso, que fugiu após atropelamento, teve a prisão decretada
Um homem que roubava camisas de moletom em uma paróquia, em Santa Cruz do Rio Pardo, identificado como Ângelo Marcos dos Santos Nogueira, de 41 anos, está internado em estado grave após ser atropelado por um carro conduzido pelo padre Gustavo Trindade dos Santos, responsável da igreja, que fugiu sem prestar socorro, na noite deste sábado (7).
Imagens feitas por uma câmera de segurança mostram o momento em que o carro atinge a vítima e a arremessa em um imóvel da região. Em seguida, o condutor dá ré e vai embora. De acordo com a polícia, que atendeu a dois chamados de ocorrência no local, um sobre a tentativa de furto e outro sobre o atropelamento, o veículo pertence à Paróquia São Sebastião de Santa Cruz do Rio Pardo.
O Delegado Seccional da Polícia de Ourinhos, Antonio José Fernandes Vieira, que investiga o caso, falou em entrevista ao GLOBO que Ângelo é o principal suspeito de um primeiro furto à Paróquia, realizado na última quinta-feira (5), onde foi levado R$ 40 reais em moedas. No sábado (7), o rapaz foi pego em flagrante roubando camisas de moletom, mas segue internado na UTI da Santa Casa de Santa Cruz, onde teve a ordem de prisão decretada. Já o padre Gustavo é considerado foragido. A polícia também não localizou o carro utilizado no atropelamento.
O padre Júlio Lancellotti, que é ativista dos direitos humanos, usou as redes sociais, no domingo (1º), para divulgar o vídeo sobre a violência, destacando que um “um crime não justifica o outro”. Ele condenou e pediu justiça pela ação do colega que, segundo ele, é recém-formado e havia assumido a função na paróquia há dois meses.
— Eu acho terrível tudo que vi, porque um crime não justifica outro. Vi muitas pessoas da cidade apoiando a ação do padre, dizendo que “bandido bom é bandido morto”. Isso é algo inaceitável. O homem atropelado foi surpreendido, julgado e quase executado, sem ter a chance de se defender. Mesmo sabendo que ele estava tentando roubar, não podemos aceitar esse tipo de violência— declarou padre Júlio alegando ainda que o rapaz, “largado para morrer,” é dependente químico e estaria tentando furtar a igreja pela segunda vez.
Em nota, a Ordem dos Frades Pregadores e a Diocese de Ourinhos, que responde pela Paróquia de São Sebastião de Santa Cruz do Rio do Pardo, informou estar apurando mais sobre os fatos para que “providências cabíveis sejam tomadas”.
Além de tentativa de homicídio, o padre responsável pelo atropelamento pode responder por omissão de socorro. O caso segue sob sigilo de investigação na Polícia Civil, que informou ainda não ter escutado nenhum dos envolvidos até o momento.