Padre Luiz Augusto é suspeito de ser servidor fantasma da Assembleia de Goiás
Funcionário efetivo desde 1980, sacerdote recebe salário de R$ 11,8 mil.
//
Conhecido por arrastar multidões às suas missas, o padre Luiz Augusto Ferreira, de 54 anos, é suspeito de ser servidor fantasma da Assembleia Legislativa de Goiás. Ele foi admitido em março de 1980 para o cargo de analista legislativo e recebe atualmente salário bruto de R$ 11,8 mil pelas atividades exercidas na Casa, mesmo sendo responsável por uma paróquia em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana.
Em entrevista ao jornal O Popular, Luiz Augusto garante que manteve o vínculo com o Legislativo apenas para que ele e seus cinco dependentes usufruam do Ipasgo (plano de saúde estadual).
Segundo ele, o valor da remuneração está integral em uma conta bancária e seu plano é utilizá-lo para a construção de uma chácara para dependentes químicos.
Constrangido, o padre assegura ter tentado pelo menos oito vezes pedir demissão, mas que em nenhuma delas foi atendido. “Conversei com pessoas responsáveis pela direção da Casa”, revela.
A Arquidiocese de Goiânia informou, por telefone, que tomou conhecimento do emprego do padre na Assembleia Legislativa nesta manhã. Por isso, precisa de mais informações para se declarar sobre o assunto.
Já a assessoria de imprensa da Casa explicou que o padre, ao longo dos anos, recebeu convites de deputados para trabalhar junto aos gabinetes, o que a legislação permite.
O promotor de Justiça Fernando Krebs disse que vai instaurar um inquérito civil público para investigar se houve improbidade administrativa e desvio de dinheiro público.
Popular entre os fiéis de Goiânia, Padre Luiz foi afastado, em maio de 2011, da Paróquia Sagrada Família, onde esteve à frente por 15 anos. Ele foi transferido para uma comunidade com cerca de 30 pessoas e proibido de celebrar missas para pessoas de outras paróquias. O afastamento foi motivo de protestos entre os católicos.
Um ano depois, já na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, no Setor Expansul, em Aparecida de Goiânia, ele voltou a reunir milhares de fiéis em suas missas e viu o número de presentes nas celebrações subir de 30 para cerca de 3 mil pessoas.