Pai de criança que morreu engasgada com tampa de garrafa desabafa: ‘Fiz de tudo para salvar ele’
Criança de 2 anos morreu após ser engasgar com uma tapa de garrafa pet; delegado se defende de críticas e acusações que vêm sofrendo
O delegado Carlos Alberto Gomes Pereira Filho, pai de Arthur Gomes Benjamim, de 2 anos, que morreu engasgado com um tampa de garrafa pet, em Macapá (AP), desabafou sobre a morte do pequeno. Todo o relato aconteceu através de uma carta de esclarecimento que foi encaminhado à imprensa para se defender das críticas que vem sofrendo, principalmente nas redes sociais e da família materna da criança.
No relato, o delegado da Polícia Civil do Amapá afirma que fez de tudo para salvar a vida do filho e detalha o sofrimento que passa com as alegações de negligência sobre a morte do menino. Pai e filho estavam sozinhos no momento do acidente.
“Eu fiz de tudo para salvar a vida do meu filho. Quando ele engoliu a tampinha, estava próximo de mim, e o fez no momento em que eu estava organizando as coisas pós almoço. Não houve falta de cuidado, ele estava sendo monitorado, foi uma tragédia que eu não desejo a nenhum pai ou mãe. Pergunto então, quem é que vai imaginar que o filho vai morrer por ter uma garrafa pet de água mineral em casa? Em qual contexto esse resultado é imaginável ou esperado? Qual pai pode ser apontado como negligente por isso? Na verdade, fossem as acusações só de negligência, seriam menos dolorosas. Estou diariamente sendo chamado de assassino”, contou.
Ainda de acordo com o Carlos, a tragédia aconteceu na cozinha da casa dele, logo após o almoço. O filho estava a pouco metros brincando no chão. Em determinado momento, a criança ficou em silêncio, Carlos Alberto se virou e percebeu que ela já não estava se mexendo.
“Assustado e sozinho, tentei identificar o que estava ocorrendo, mas no momento de desespero não consegui entender ou detectar o motivo, a reação que consegui ter, naquele momento, foi de checar os seus sinais vitais, que estavam presentes. Imediatamente, coloquei ele no meu colo e o levei às pressas até a unidade de saúde mais próxima. Lá chegando, o médico imediatamente o atendeu. A equipe médica optou por chamar o SAMU, que chegou após aproximadamente 30 minutos, o que aumentou ainda mais a minha angústia, já que não sabia o que estava acontecendo com o meu filho. Após a sua chegada a equipe do SAMU rapidamente identificou o problema e retirou uma tampinha de garrafa pet das vias aéreas do meu filho. Infelizmente, ele já não apresentava mais sinais vitais”, escreveu.
Pai não apareceu no velório do filho por medo de represálias
No documento, que conta com quatro laudas, o delegado também se explicou pelo fato de não aparecer no velório e enterro do filho. Segundo ele, a ausência ocorreu devido ao fato das ameaças que vinha sofrendo por parte da família materna da criança e também para evitar que o desconforto que a presença dele causaria no local.
Carlos Alberto também esclareceu no depoimento que não se pronunciou antes devido ao desgaste mental que o episódio lhe causou. Também afirma que colaborou com as investigações sobre o caso vem recorrendo a tratamento psiquiátrico e psicológico para lidar com a perda do filho.
Na última segunda-feira (10/01), a família materna afirmou ao g1 que não teve informações sobre a apuração do caso. O avô da criança disse que chegou a passar mal e precisou ser socorrido quando recebeu a notícia da morte do neto.
O pai foi ouvido pela Polícia Civil no sábado (08/01). A corporação recolheu as imagens das câmeras de segurança local do acidente. Além dos depoimentos, a investigação segue com os laudos da perícia da casa e do corpo do menor.
“Quero na oportunidade me solidarizar verdadeiramente com a família. Mas, quero que não se esqueçam que eu também sou a FAMÍLIA. Todos estão sofrendo muito, jamais em minha vida gostaria que isso tivesse ocorrido. Não desejo isso a ninguém, eu era o maior interessado em ver meu filho bem. Mas não se esqueçam que sou um pai que assistiu o seu filho morrer. Não quero dizer que minha dor é maior que a de ninguém, mas também não é a menor”, finalizou o delegado.