‘Parem de postar coisas de gente preta, de gay’, diz mulher durante culto no RJ; vídeo
Polícia Civil carioca investiga o caso; mulher diz que foi "infeliz com as palavras" e pediu desculpas
O vídeo de uma mulher pregando em uma igreja evangélica de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, virou caso de polícia nesta segunda-feira (2). A gravação repercutiu nas redes sociais após Kakau Cordeiro criticar quem defende bandeiras políticas, raciais e LGBTQIA+. “Para de querer ficar postando coisa de gente preta, de gay, para! Posta palavra de Deus que transforma vidas. Vira crente, se transforma, se converta!”, disse.
“É um absurdo pessoas cristãs levantando bandeiras políticas, bandeiras de pessoas pretas, bandeiras de LGBTQIA+, sei lá quantos símbolos tem isso aí. É uma vergonha, desculpa falar, mas chega de mentiras, eu não vou viver mais de mentiras. É uma vergonha. A nossa bandeira é Jeová Nissi. É Jesus Cristo. Ele é a nossa bandeira”, continuou Kakau.
A Polícia Civil abriu um inquérito para analisar o discurso da mulher, que é membro da Igreja Sara Nossa Terra. Para o delegado Henrique Pessoa, há um “teor claramente racista e homofóbico, o que configura transgressão típica na forma do artigo 20 da Lei 7716/87”.
“De tal modo que a pena é de 3 a 5 anos com circunstâncias qualificadoras por ter sido feita em mídias sociais e através da imprensa. De tal modo que já foi instaurado inquérito policial pelo crime de intolerância racial e homofóbica, de acordo com a recente previsão do STF”, disse o delegado.
Por meio de publicação nas redes sociais, Kakau Cordeiro pediu desculpas pelos “termos” que usou na palestra e disse que foi “infeliz nas palavras escolhidas”. “[…] quero afirmar que não possuo nenhum tipo de preconceitos contra pessoas de outras raças, inclusive o meu próprio pastor é negro, e nem contra pessoas com orientações sexuais diferentes da minha, pois sou próxima de várias pessoas que fazem parte do movimento LGBTQIA+.”
Além disso, a mulher disse que a intenção era “afirmar a necessidade de forcarmos em Jesus Cristo e reproduzimos seus ensinamentos, amando os necessitados e os carentes, principalmente , as pessoas que estão sofrendo tanto na pandemia.” A mulher termina dizendo que as palavras que ela disse não expressam as opiniões do pastor e nem da igreja.
A Igreja Sara Nossa Terra não se pronunciou sobre o caso. O templo até chegou a publicar o vídeo em seu perfil no Instagram, mas a página saiu do ar.