Partidos de esquerda têm menos vitórias pontuais e saem das urnas em equilíbrio
Se depender dos resultados do primeiro turno da eleição municipal deste ano, nenhum dos partidos…
Se depender dos resultados do primeiro turno da eleição municipal deste ano, nenhum dos partidos da esquerda e centro-esquerda poderá reivindicar a liderança do campo para encabeçar uma chapa presidencial em 2022. O balanço das urnas mostra vitórias pontuais importantes de algumas legendas, mas nenhuma delas se sobressaiu de forma incontestável. Somados, PT, PDT, PSB, PCdoB e PSOL conquistaram 790 prefeituras. Há quatro anos, levando-se em consideração também o segundo turno, as vitórias ocorreram em 1084 municípios.
Maior partido da Câmara, o PT, por exemplo, comemora ter recebido 600 mil votos a mais nas disputas para prefeito (de 3,1 milhões para 3,7 milhões) nas 96 maiores cidades do país em comparação com 2016. Também celebrou o fato de ser a legenda com mais candidatos no segundo turno: 15 no total, incluindo Recife e Vitória. Por outro lado, o total de prefeituras conquistadas no primeiro turno pelo partido do ex-presidente Lula diminuiu de 257 para 179 — uma queda de 30%.
A direção do partido minimizou a redução do número de cidades comandadas com o argumento de que os municípios perdidos são pequenos, com população inferior a 20 mil habitantes.
Porém, reservadamente, outros dirigentes da sigla reconheceram que o resultado ficou abaixo do esperado e defenderam que o partido faça uma revisão de suas posturas.
A principal crítica é em relação à perda de conexão com a juventude e com representantes de movimentos identitários, que hoje têm mais afinidade com o PSOL. A expectativa era ter um desempenho suficiente para se recuperar do fiasco de 2016, quando perdeu 60% das prefeituras que comandava.
O PDT, partido do ex-ministro Ciro Gomes, celebrou a sua consolidação como a sigla com o maior número de prefeituras no campo da esquerda. O resultado é consequência de uma tentativa de enraizamento nos municípios de olho na disputa presidencial de 2022.
Mas, mesmo ficando com posto de líder na esquerda que antes era do PSB, o PDT perdeu perdeu prefeitos. O total de cidades sob o comando da sigla passou de 334 para 311 — uma r redução de 7%. A legenda de Ciro disputará quatro segundos turnos, dois em capitais (Fortaleza e Aracaju).
O PSOL se vale da inédita chegada ao segundo turno em São Paulo, maior cidade do país, com Guilherme Boulos para destacar o seu crescimento. Além disso, o partido, assim como em 2016, garantiu presença na etapa final da eleição em Belém, agora em primeiro lugar. Conseguiu ainda os vereadores mais votados no Rio, em Belo Horizonte e Aracaju.
Porém, se for feita uma análise quantitativa do desempenho do PSOL, a sua presença nas cidades é pouco representativa. A sigla passou de duas prefeituras conquistadas no primeiro turno de 2016 para quatro agora, todas em cidades pequenas.
O PSB, por sua vez, teve uma perda de 38% no número de prefeitos eleitos, de 409 para 250. O partido está no segundo turno em oito cidades, sendo duas capitais: Recife e Maceió.
O PCdoB celebra a passagem de Manuela D’Ávila para o segundo turno em Porto Alegre como forma de atenuar a perda de espaço. A sigla encolheu em 44% o número de prefeituras conquistadas, de 82 para 46.