Partilha de bens provocou briga familiar e execução de pecuarista em São Miguel
Segundo as investigações, ex-sogro, tido como suposto mandante do crime, teria pago R$ 150 mil para advogado arquitetar assassinato e contratar motorista e pistoleiro. Seis pessoas estão presas
Discussões por causa de partilha de bens na separação do pecuarista Agno Rainere, de 42 anos, e da ex-esposa motivaram a execução do empresário em São Miguel do Araguaia. O ex-sogro da vítima foi preso apontado como mandante do crime ocorrido no último dia 30 de outubro; ele – que nega participação – teria pago R$ 150 mil para que advogado arquitetasse o assassinato. No total, seis pessoas participaram do homicídio e estão presas temporariamente. Os nomes e imagens dos envolvidos não foram divulgados.
Em entrevista coletiva realizada na manhã desta segunda-feira (9), o delegado Elton Diogo Fonseca afirmou que o crime foi planejado após sucessivas brigas entre a vítima e o ex-sogro durante o processo de separação do empresário e da ex-esposa, depois de o homem supostamente descobrir traição da então companheira.
Segundo as apurações, o ex-sogro de Agno contratou um advogado por R$ 150 mil para intermediar o crime. O profissional, então, contratou dois ex-vigilantes penitenciários temporários, que receberam R$ 80 mil. Eles foram responsáveis pela contratação de um pistoleiro, que executou o pecuarista, e de um motorista que realizou a fuga. Ambos receberam R$ 10 mil cada.
De acordo com Elton, o crime passou a ser tramado no início de setembro. Os suspeitos vigiaram o empresário por alguns dias, mas concluíram que o crime não seria possível naquele período, já que a vítima morava em um condomínio fechado. Por este motivo, o assassinato foi cometido no momento em que o homem chegava na empresa em que atuava.
O crime
No dia 30 de outubro, um homem parou a moto perto da vítima e efetuou ao menos seis disparos. Após o crime, o motociclista fugiu e teve ajuda de um comparsa, que conduziu um carro Vectra em que os dois fugiram. A motocicleta utilizada no homicídio foi queimada e o veículo usado na fuga foi apreendido pela Polícia Civil.
De acordo com a corporação, cinco dos seis suspeitos presos confessaram o crime. Somente um detido negou o homicídio. Eles ficarão detidos temporariamente por 30 dias. Nomes e imagens dos autores não foram divulgados.
A quantidade de bens e o valor da partilha também não foram informados para não atrapalhar as apurações. Sabe-se, porém, que o valor é milionário.
Outro lado
Em nota, a defesa do ex-sogro de Agno negou qualquer participação ou interesse do homem na morte do empresário. O texto diz que o investigado e a vítima eram bem próximos, “com quem sempre teve um convívio harmonioso”.
Em relação ao advogado preso como suspeito de participação, a defesa ressaltou que o profissional já atuou para a família, “o que justifica o valor repassado pelos serviços prestados”.
“Portanto, se o referido advogado resolveu cometer essa brutalidade, não foi por solicitação do ex-sogro. Ele, aliás, recrimina veementemente essa atitude e também está interessado no esclarecimento dos fatos”, diz o texto.