Susto nas alturas

Passageiro relata momento em que avião a caminho de Goiânia quase colide com outro em pleno voo

“Alguns começaram a gritar e a chorar, e outros, como eu, ficaram estáticos, sem reação", conta o ortodontista Jonatas Cavalcante


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Imagine que você está voando de volta para casa depois de uma longa viagem a trabalho. Acostumado à rotina entre aeroportos, o medo de um acidente aéreo já não é mais uma de suas maiores preocupações e você pode relaxar enquanto pensa na família e nos afazeres dos próximos dias. No entanto, o sossego acaba quando, sem qualquer tipo de aviso, o avião começa a mergulhar em direção ao chão, deixando a todos com a certeza da morte iminente.

Situação apavorante, não? Pois foi essa a experiência vivida nesta segunda-feira (11/1) pelo ortodontista Jonatas Alves Cavalcante, quando voltava de São Paulo para Goiânia no voo JJ3466 da TAM. Ele e os demais passageiros escaparam por pouco de uma colisão de aeronaves.

Segundo Jonatas, toda a situação durou poucos segundos, mas para quem estava presente a sensação foi de que horas se passaram antes que o avião se estabilizasse. “Tínhamos decolado fazia cerca de 20 minutos e os comissários tinham começado a servir bebidas quando isso tudo aconteceu”, relata ele. “Na hora, um dos comissários caiu para trás derramando o café que estava segurando e as portas dos compartimentos de malas abriram, derrubando duas delas. Por sorte não caíram na cabeça de ninguém.”

Enquanto isso, cada passageiro lidava com a situação de seu jeito. “Alguns começaram a gritar e a chorar, e outros, como eu, ficaram estáticos, sem reação”, disse. Em seguida, eles receberam atenção dos comissários, que tentavam acalmar os passageiros.

Quando a situação se normalizou, veio a explicação do comandante, que não trouxe muito conforto para os presentes. “Ele pediu desculpas, disse que outro avião apareceu de repente em nossa direção e que teve que fazer uma manobra de emergência. Por pouco não houve uma colisão. O pior foi ele afirmar que já tinha avisado a torre para verificar se era ele ou o outro piloto que estava fora da rota”, pontuou Jonatas. Com anos de experiência em aviões, ele declara nunca ter passado por uma experiência como essa.

Para esclarecer como uma situação desse tipo pode acontecer, mesmo com critérios rígidos de controle de voo, o Mais Goiás procurou a TAM para comentar o caso. Por meio de nota, a assessoria de imprensa da empresa limitou-se a dizer que “a manobra preventiva realizada durante o voo JJ3466 (São Paulo/Guarulhos – Goiânia) de ontem (11) ocorreu dentro dos mais elevados padrões de segurança”.

O texto também frisou que a aterrisagem da aeronave aconteceu normalmente, sem que ninguém tenha ficado ferido. “A companhia esclarece que a segurança é um valor imprescindível para a TAM e que atende rigorosamente aos regulamentos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)”, completa a nota.

[ATUALIZAÇÃO] Por nota encaminhada nesta quarta-feira (13/1), a Força Aérea Brasileira (FAB) afirmou que as aeronaves envolvidas no incidente são as de identificação PP-BRV e TAM 3466. Segundo a entidade, a ocorrência está sendo investigada.

“Informações preliminares apontam que a distância mínima entre as aeronaves foi de 3 km, sem risco para ambas”, diz o texto. “A Aeronáutica considera o termo quase-colisão inadequado, tendo em vista que uma aproximação entre aeronaves não representa, necessariamente, risco de colisão.”

A investigação em andamento visa identificar os fatores que levaram a essa situação, para contribuir com a melhoria dos níveis de segurança operacional. “Esse tipo de investigação é uma importante ferramenta de depuração do sistema de prevenção e baseia-se em margens de segurança utilizadas em todo o mundo.”