Passageiros do BRT pegam carona em caminhão-cegonha após espera de 2h no RJ
Fato inusitado aconteceu na estação Salvador Allende, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro
Passageiros do sistema BRT (ônibus articulados que circulam por faixas exclusivas) precisaram pegar carona em um caminhão cegonha para voltar para a casa, após esperarem por mais de duas horas pelo transporte, na estação Salvador Allende, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Um vídeo que circula na internet mostra o caminhão cegonha com inúmeros passageiros. “BRT quebrado, geral tá indo de cegonha para casa!”, diz o homem que gravou as imagens.
Passageiros do BRT disseram que inúmeros ônibus do BRT quebraram na segunda-feira ao longo do dia e geraram transtornos para os passageiros que utilizam o sistema.
“Ontem eu estava em um ônibus que o pneu furou, um calor desgraçado e o único jeito foi o motorista andar a 20 km/h. O trecho que se faz em 20 minutos levou mais de uma hora. Foi a única solução que o motorista encontrou para não deixar todos os passageiros na mão. Uma vergonha isso”, disse a passageira Luana Rodrigues.
Nas redes sociais, passageiros comentaram a situação precária do transporte.
“Da [estação] Alvorada para cá, sentido [estação] Mato Alto, vi três BRTs quebrados”, disse uma passageira.
“Isso é uma vergonha para todos nós. Ficamos dependentes dessa porcaria. Larguei do trabalho às 18h e cheguei em casa às 21h20”, relatou outro passageiro.
Procurado, o consórcio BRT afirmou que os problemas dos coletivos são ocasionados pela falta de manutenção das pistas dos corredores e não comentou a carona dos passageiros por um motorista de um caminhão cegonha.
“Por volta das 20h, um articulado apresentou problemas técnicos nas proximidades da estação Ctex. Nesses casos, um outro articulado é enviado ao local para fazer o transbordo e garantir o complemento da viagem dos passageiros. Esses problemas de quebras de veículos estão relacionados com as condições precárias das pistas, principalmente nos corredores Transoeste e Transcarioca. Buracos, desníveis, depressões afetam diretamente a operação do BRT. Veículos que deveriam durar 20 anos, duram apenas cinco, no Rio”, comunicou, em nota.
Assista ao vídeo:
Crise no transporte
O BRT vive desde o início da pandemia uma crise no sistema de transportes provocada, segundo a concessionária, pela redução significativa no número de passageiros. No começo do mês, motoristas interromperam a circulação do transporte público em três corredores do sistema que atendem as zonas oeste e norte do Rio, o que gerou transtornos na cidade.
Os motoristas iniciaram o protesto após o consórcio propor redução salarial para os funcionários, que nem haviam recebido, no começo de fevereiro, a segunda parcela do 13º salário.
Sem transporte, passageiros se aglomeraram em pontos de ônibus e também dentro de outros coletivos. Para alguns, a alternativa foi utilizar o serviço de ônibus executivos, cujas passagens variam de R$ 12 a R$ 17, enquanto o valor do BRT é de R$ 4,05.