Passagem de asteroide de 400 metros será visível por telescópios no Brasil
Bólido vai passar "de raspão" na terça-feira (1º), a uma distância equivalente a seis vezes aquela que separa a Terra e a Lua
Um asteroide com 400 metros de comprimento descoberto em 12 de setembro foi inicialmente classificado como “risco potencial” de colisão com a Terra, alerta suspenso poucas horas depois, quando o cálculo de sua trajetória foi refinado. O bólido vai passar a 2,3 milhões de km de distância do planeta no dia 1º de novembro (terça-feira), quando poderá ser registrado por telescópios amadores.
Batizado com a sigla 2022 RM4, o asteroide foi encontrado inicialmente pelo observatório Pan Starrs 2, do Havaí, que faz uma varredura permanente de uma grande área do céu do hemisfério norte. Mesmo sem risco real de colisão, o bólido atraiu a atenção de cientistas e, sobretudo, astrônomos amadores, porque não não é todo ano que um objeto desse tamanho chega tão perto da Terra.
O tamanho do asteroide ainda não foi determinado com precisão, e apesar da estimativa de 400 metros divulgada pela ESA (Agência Espacial Europeia), é possível que o RM4 tenha até 740 metros, quase o dobro da altura do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.
“Este objeto está atualmente só visível no hemisfério norte até o dia 1, quando já poderá ser observado no Brasil. Deveremos observá-lo a partir desta data”, disse o empresário e astrônomo amador mineiro Cristóvão Jaques.
Essa limitação de observação ocorre porque trajetória da órbita do asteroide está agora na parte de cima do plano orbital da Terra, vista do Norte, e depois da aproximação passará para o sul. Os países com costa no Atlântico Sul terão uma visão melhor do evento, porque é esta face do planeta que estará apontando para o RM4 quando ele atingir sua aproximação máxima.
A comunidade de astrônomos amadores se entusiasmou quando o físico independente Tony Dunn, criador do site Orbit Simulator, rodou uma simulação da observação e estimou que o objeto terá visibilidade razoável.
“Ele vai ter um brilho com uma magnitude de 14,3, tranquilamente dentro do alcance de telescópios de quintal”, escreveu Dunn nas redes sociais. Visto da Terra, a imagem do objeto terá uma dimensão similar à do planeta anão Plutão.
A realidade do que americanos consideram equipamentos “de quintal”, porém, é diferente daquela do Brasil, e a observação pode ser desafiadora para amadores menos experientes.
“Não é uma observação muito simples. Nessa aproximação ele estará com um brilho muito pequeno e próximo à Lua, o que deve ofuscar e impedir sua observação”, diz Marcelo Zurita, astrônomo amador da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon) na Paraíba.
“Ele não estará acessível à maioria dos astrônomos amadores. Talvez só alguns poucos com equipamentos mais potentes”, completou.
Os telescópios com sensibilidade suficiente para enxergar o RM4 são aqueles com abertura de 8 polegadas ou mais. No dia 3 de novembro (quinta-feira), o asteroide atinge o periélio, o ponto extremo da parte interna de sua órbita, e começa a se afastar da Terra de novo.