Pastor que benzeu armas em igreja evangélica no Paraná diz que segue preceitos do antigo testamento
Há 26 anos atuando no ensino da teologia, o pastor que viralizou nas redes sociais…
Há 26 anos atuando no ensino da teologia, o pastor que viralizou nas redes sociais por benzer um arsenal de armas em uma igreja evangélica em Curitiba disse que sua atitude foi inspirada nas palavras pregadas no antigo testamento da bíblia. De acordo com Renê Arian, ele segue os preceitos escritos no livro de Isaías, que diz que “o escudo era guardado ungido” para proteger a população.
— Nas histórias pregadas no antigo testamento houve batalhas reais, então a benção dos escudos não era apenas espiritual, mas também para a população defender a vida e a família. A unção também causa repercussão espiritual, porque é uma proteção divina — disse o pastor ao GLOBO.
No vídeo que repercutiu na internet nesta terça-feira, Arian realiza a unção de revólveres, pistolas, uma espingarda e um fuzil de dois delegados e um investigador. Apesar da ação, considerada por alguns heresia, o pastor afirma não ser a favor do uso de armas por civis, “por nem todos terem instruções para uso”.
— Muitas pessoas acreditam que o evangélico é aquele que compra feijão para curar a Covid ou pagar dízimo, mas eu ensino o evangelho da bíblia. Eu não sou a favor do armamento da população, mas o policial precisa de armas porque é um instrumento de trabalho.
Ao mesmo tempo, o pastor defende que policiais podem dar tiros em situações na qual os infratores desrespeitem ordens para a segurança da vida, por exemplo, sem ir contra o mandamento “não matarás”.
— A bíblia fala do não matarás, no sentido de uma pessoa cometer um homicídio, matar um inocente. Mas se você está na sua casa, entra um bandido, sequestra seus filhos, você vai chamar a polícia. Os agentes vão tentar negociar, mas se não houver rendição, eles vão ter que atirar. A questão bíblica é não matarás o inocente — explica.
Ao GLOBO, o pastor garantiu que também já realizou a unção de instrumentos de trabalho de mecânicos e médicos. Segundo ele, a bênção é dada na Igreja Agnus, onde ele é líder, há cerca de um ano. Roupas de doentes também são ungidas pelo pastor.
A cerimônia que repercutiu foi realizada no último sábado, após o culto. O vídeo foi gravado e publicado pelo delegado Tito Barrichello, da 2ª Delegacia de Homicídios da capital. Também aparecem nas imagens a delegada Tathiana Guzella, da 1ª Delegacia de Homicídios de Curitiba, um investigador apresentado como “Cabelo” e a pastora identificada apenas como Erlane.
Questionado, Barrichelo afirmou que as armas são todas privadas e legalizadas. Disse ainda que a ideia partiu do pastor René por haver “diversas passagens de bênçãos aos escudos e armas”.
O Ministério Apostólico Graça para as Nações, da Igreja Agnus, divulgou nesta quarta-feira uma nota de esclarecimento sobre o caso. Segundo a instituição, o templo “sempre promoveu em seus cultos os momentos em que são feitas as unções sobre pertences pessoais”. Sobre a benção das armas, o Ministério pontuou que “a inteção sempre foi a de fortalecer nos corações desses profissionais (policiais) o sentimento de temor e responsabilidade confirmados pela direçao de Deus em suas ações”.
Por fim, a igreja ressaltou que repudia toda forma de violência, e disse que permanecerá ungindo profissionais que desejam “buscar as bençãos do Senhor”.