Pazuello anuncia contrato com Butantan para 100 milhões de doses da Coronavac
Vacina desenvolvida em parceria entre os chineses e Instituto Butatan mostrou eficácia de 78% e, em casos mais graves, chega a 1005
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quinta-feira (7) que a pasta assinou um contrato para a compra de 100 milhões de doses da Coronavac -imunizante desenvolvido pelo instituto Butantan com a farmacêutica chinesa Sinovac.
De acordo com o ministro, o contrato prevê que as primeiras 46 milhões de doses serão entregues até abril, e o restante (54 milhões) será repassado pelo instituto paulista ao governo federal no decorrer do ano.
Segundo Elcio Franco, secretário-executivo do Ministério da Saúde, a aquisição do segundo lote consta no contrato como uma opção de compra, que precisa ser confirmada pelo governo posteriormente.
Pazuello afirmou ainda que toda a produção do Butantan será incorporada ao PNI (Plano Nacional de Imunização). “Toda a produção do Butantan, todas as vacinas serão a partir desse momento incorporadas ao Plano Nacional de Imunização, distribuídas de forma equitativa e proporcional a todos os estados, da mesmo forma que a [vacina] da AstraZeneca”.
A Coronavac está no centro da chamada “guerra da vacina” entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Em outubro do ano passado, Bolsonaro desautorizou Pazuello e garantiu que o governo não compraria o que chamou de “vacina chinesa”.
Mas, após críticas de falta de organização no plano de vacinação do governo federal e da reação de governadores, o imunizante foi incluído no planejamento do Ministério da Saúde. Também nesta quinta, o governo paulista informou que a Coronavac atingiu eficácia de 78% a 100% nos estudos finais realizados no Brasil.
O índice de 78% se aplica à prevenção de casos leves da doença. Casos moderados e graves foram completamente evitados no estudo, que não registrou nenhuma morte ou internação de voluntários vacinados infectados.
Doria tem afirmado que pretende lançar a campanha de vacinação no estado em 25 de janeiro. Em coletiva de imprensa, Franco disse que os planos estaduais podem funcionar como anexos ao programa federal, uma vez que os entes federados devem distribuir os imunizantes para os municípios.
Pazuello, por sua vez, rebateu as acusações de que o plano de vacinação do governo Bolsonaro está atrasado e tem gargalos nos seus preparativos.
Além da compra do Butantan, Pazuello informou que o país tem garantidas 212 milhões de doses da vacina AstraZeneca, que foi a grande aposta do governo federal no tema.
O ministério ainda prevê ter 42 milhões de doses da Covax facility, consórcio da Organização Mundial de Saúde que acompanha nove estudos de potenciais vacinas.
A pasta deve fechar também contrato com a Janssen, braço farmacêutico da Johson & Johnson. Ele definiu o imunizante como o “melhor negócio” pelo preço e necessidade de uma dose.
“Mas infelizmente só nos é oferecido 3 milhões de doses, no segundo trimestre em diante, em maio. E no segundo, algo em torno de 8 a 10 milhões. Nós compraremos a Janssen”, declarou. Embora ainda permaneça em negociação com a Pfizer, ele se queixou de exigências feitas pela empresa nas conversas com o Ministério da Saúde.
O ministro argumentou que a celebração do contrato com o Butantan, que vinha em negociação, foi possível após a publicação, na quarta (6), de uma MP (Medida Provisória) que permite a aquisição de imunizantes sem licitação e mesmo antes do registro do produto na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
“Tem que ficar claro que oferecemos vacina grátis e voluntária, no que depender do Ministério da Saúde e da Presidência da República, para todos os brasileiros”, afirmou.
O ministro voltou a apresentar três cenários para o início da vacinação. Disse que, na melhor das hipóteses, os primeiros brasileiros serão imunizados em 20 de janeiro, caso o registro da Anvisa saia até lá e estejam disponíveis os estoques do Butantan e da AstraZeneca. Na chamada hipótese média, o início seria entre 20 de janeiro e 10 de fevereiro.
E, no pior cenário, de 10 de fevereiro a meados de março, caso o procedimento de registro e produção tenha “qualquer percalço”.