ódio a pessoa de outros lugares

PC investiga caso de xenofobia por parte de candidata à vereadora em Caldas Novas

Corporação teve conhecimento do caso após circulação de vídeos e áudios de incentivo de ódio ao povo nordestino, oriundo de uma nordestina

PC investiga caso de xenofobia por parte de candidata à vereadora em Caldas Novas

A Polícia Civil (PC) abriu um inquérito, na última sexta-feira (20), para investigar um possível crime de xenofobia contra a candidata à vereadora por Caldas Novas, Geila Galega (PSDB), de 40 anos. Em um vídeo e áudio que circulam nas redes sociais, a mulher culpa a comunidade nordestina pela perca das eleições.

O delegado Gustavo Ferreira conta que os áudios contém um discurso de ódio e que isso configurava xenofobia. Segundo ele, nos próximos dias, a candidata será intimada para prestar depoimento sobre tais declarações. Caso seja condenada, Geila pode pegar até cinco anos de prisão.

Gravação

Em um trecho do vídeo, ela insinua que muitos nordestinos teriam vendidos os votos por R$ 50 e que, por isso, ela teria perdido a eleição. “É uma vergonha nosso povo nordestino não eleger nenhum nordestino em Caldas Novas. Não eleger quem vai trabalhar com vocês, quem vai olhar por vocês…Vocês não quis isso (sic). Agora vão ver esses políticos que compraram seus votos, seus nordestinos corruptos, alguns são vagabundos”, destaca.

Em outro momento, ela também desfere duras palavras com as mulheres nordestinas. “O povo nordestino deve criar vergonha na cara […]. O povo nordestino só sabe parir, principalmente as mulheres. Só sabe parir para os outros criar (sic)”, afirma.

Em certo ponto do áudio, Geila destaca que o povo nordestino precisa de um “castigo” por não ter elegido um “represente deles”. “Por que nos não junta uma equipe boa e faz reunião com a nossa patroa Magda Moffatto e o Flávio Canedo para botar esse povo nordestino tudo fora desses hotéis ai? […] Eu acho que a dona Magda poderia dar um castiguinho neles. Mandar todo mundo embora um por um”, disse. 

O que diz a candidata?

Geila foi procurada pelo Mais Goiás. Ela reconhece a gravação das mídias e do que ali foi gravado. Ela disse que o vídeo e o áudio foi gravado num momento de estresse. “Eu estava cansada de gente rindo da minha cara, jogando santinho e vários objetos na minha casa”, conta.

A candidata ainda refuta o rótulo de xenofóbica. “Eu sou nordestina e casada com um negro há 12 anos. Tenho o maior respeito pelo meu povo. Eu falei aquilo como uma brincadeira, mas as pessoas reagiram de forma negativa. Eu reconheço o meu erro e vou pagar por ele”, destaca.

Ela também publicou um vídeo nas redes socais onde pede desculpas pelas gravações. “Estou aqui para pedir desculpa a todos que, às vezes, na hora do xingamento, na hora da humilhação, que você leva todos os dias, a gente fala besteira mesmo. Errei! Admito as coisas que eu falei”, dica.

Geila também disse que foi à delegacia para registrar um boletim de ocorrência por ameaça. Essa foi a primeira vez que a candidata disputou eleições por Caldas Novas. Ela recebeu 44 votos e ficou como suplente.

O Mais Goiás também procurou a deputada federal Magda Moffatto (PL), já que o nome dela foi citado na gravação. Por meio de nota, ela disse que é contra qualquer forma de discriminação e que os nordestinos foram e são fundamentais na construção de Caldas Novas. Ela também afirmou não conhecer a candidata e que “apenas quem proferiu tais palavras pode ser responsabilizada por tais atos.”

O diretório do PSDB disse que Geila é uma mulher “simples e humilde”. Também disse que a gravação não teve consentimento do partido e que a candidata agiu sobre o “calor da emoção.”