‘Pensei que ia morrer’, diz vendedor negro agredido por policiais em Planaltina
Vítima de agressão injustificada por parte de policiais militares no município de Planaltina, na noite…
Vítima de agressão injustificada por parte de policiais militares no município de Planaltina, na noite da última segunda-feira (1), o vendedor ambulante Weliton Luiz Maganha, de 30 anos, disse ao ao jornal Correio Braziliense que “pensou que ia morrer”. Weliton levou golpes de cassetete nas costas e, ainda que não tentasse reagir, continuou a apanhar do PM. Em vídeo que foi divulgado pelo Correio, o policial também deixa o vendedor se afastar e atira-lhe uma pedra.
Weliton está desempregado e garante o sustento da família com a venda de balas em ônibus da cidade. Mora com a esposa Gildete Corrêa de 44 anos, que trabalha como auxiliar de serviços gerais.
O vendedor disse na entrevista que, na noite em que foi agredido, estava no supermercado para fazer compras com o dinheiro do auxílio emergencial (que havia acabado de sacar). “Quando saí do mercado, dois policiais me abordaram no estacionamento. Até aí, tudo bem. Viram meus documentos e, do nada, um deles me deu um soco na coluna, e eu o questionei: ‘O que é isso, senhor?’” relata Weliton.
Uma testemunha filmou o momento em que a vítima diz “eu não fiz nada de errado” e, em seguida, um policial dá pelo menos quatro golpes de cassetete nas costas de Weliton. “Quando caí no chão, jogaram spray de pimenta no meu rosto e me deram uma pedrada na cabeça”, afirmou o vendedor ambulante.
(Clique aqui para assistir ao vídeo)
Weliton disse ao Correio Braziliense que sofreu lesões na clavícula, no crânio e escoriações pelo corpo.
“Tenho certeza de que se fosse um homem branco, não teriam agido assim. Não entendi nada e pensei: ‘Será que estão com preconceito?’ Algumas pessoas tentaram justificar falando que eu era morador de rua ou usuário de drogas, mas não é nada disso. Apenas fui comprar comida em um mercado”, desabafou.
“Fiquei paralisado porque, se eu fosse lá confrontar, podia ser eu apanhando. É um sentimento de impotência muito grande”, lamentou uma testemunha que preferiu não se identificar.
Investigação
Anderson Tiago Campos e Paulo Henrique de Oliveira voluntariaram-se para advogar em favor da vítima e disseram que levarão Weliton ao Instituto de Medico Legal (IML) para exame de corpo delito hoje.
“Vamos cobrar indenização pelos danos. O vídeo é claro e não deixa dúvidas da utilização da força policial” disse Paulo Henrique de Oliveira, um dos advogados voluntários da vítima.
Ao Mais Goiás a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) disse em nota que não há que se falar em atitude racista, mas de excesso na ação policial.
Todavia, a Câmara Legislativa (CLDF) encaminhou, um ofício à PMDF pedindo a investigação das denúncias de violação dos direitos humanos ou cidadania. Em nota, assinada por Fábio Felix, deputado e presidente da Comissão dos Direitos Humanos, “repudia tal desvio de conduta e expressão do racismo institucional.”
O crime também é investigado pela 16ª Delegacia de Polícia de Planaltina. A corporação foi ao supermercado em busca das imagens das câmeras de segurança.
*Com informações do Correio Braziliense