GOVERNO LULA

Pérsio Arida e André Lara Resende são sondados para atuar na transição

Integrantes da equipe que implantou o Plano Real, economistas apoiaram o petista na disputa contra Bolsonaro

Economista Pérsio Arida, um dos pais do Plano Real (Foto: Reprodução)

Os economistas Pérsio Arida, André Lara Resende e Guilherme Mello foram sondados por Geraldo Alckmin (PSB) para participar da equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmaram integrantes da equipe do novo governo.

Pérsio Arida chegou a ser citado entre os nomes considerados para assumir a economia. Ele é próximo de Alckmin, vice-presidente eleito e coordenador da transição.

O economista é um dos pais do Plano Real —medida que acabou com o cenário de hiperinflação nos anos 90, na transição dos governos Itamar Franco (1992-1994) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)— e declarou voto em Lula no segundo turno.

Já o economista André Lara Resende, outro integrante da equipe pai do Real que apoiou Lula, não deve ter cargo de gestão. Pode ser indicado para representar o Brasil em algum organismo internacional, como o Banco Mundial ou o FMI (Fundo Monetário Internacional), ou atuar como um formulador de políticas públicas.

Mello, por sua vez, é professor da Unicamp e participou da elaboração do plano de governo de Lula como coordenador do Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas – Economia do PT.

De acordo com petistas, os três aceitaram integrar a equipe de transição. A Folha os procurou, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Integrantes da campanha veem como natural a participação dos nomes na transição pelo fato de eles terem servido como espécie de consultores durante a campanha à Presidência. Além disso, Pérsio e André Lara Resende já assessoraram Alckmin.

Os nomes que vão compor a equipe de transição serão debatidos nesta segunda-feira (7) com Lula e serão indicados conforme forem confirmados.

A transição será coordenada por Alckmin, juntamente com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o ex-ministro Aloizio Mercadante.

Há dúvida, porém, se os economistas vão figurar no rol de nomeações formais da transição, que são cargos comissionados, ou se atuarão como colaboradores voluntários.

Lula tem feito questão de ressaltar a aliados que os indicados para a transição não serão necessariamente ministros, como forma de evitar especulações.

O presidente eleito disse querer que a equipe de transição seja formada por quadros estritamente técnicos e quer ele próprio passar o olho na lista. Além desses nomes, os partidos políticos também estão enviando uma série de indicações ao PT.

Lula pediu, por exemplo, que Fernando Haddad (PT) sondasse o ex-ministro da Educação José Henrique Paim para que montasse um grupo para atuar na transição.

O petista já indicou querer uma pessoa de perfil político para a pasta da Fazenda, mas não deu nenhuma indicação de qual será o nome a ser escolhido. É dado como certo que o superministério comandado hoje por Paulo Guedes será desmembrado, mas o formato final e a definição de funções ficarão a cargo do próprio futuro ministro.

A expectativa, a partir da montagem da equipe de transição, é que Alckmin vai ter influência na montagem do Ministério da Fazenda. A expectativa é que Lula coloque ministros com perfis distintos no Planejamento e na Fazenda.

Dentro do PT, os mais cotados para a área econômica são o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), que também é citado para outras funções (como negociador político ou ministro da Saúde); o senador eleito Wellington Dias (PT-PI); e Fernando Haddad, que disputou e perdeu o governo de São Paulo.

Correndo por fora está Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central de Lula e ministro da Fazenda de Michel Temer (MDB). Ao anunciar que coordenará a expansão da ACCrédito, braço financeiro da Associação Comercial de São Paulo que se prepara para virar um banco digital, Meirelles afirmou à Folha que “não teria maiores problemas” em deixar essas atividades para integrar o governo de Lula.

O próprio Lara Resende é citado também como uma opção dentro do PT para comandar a Economia.

O novo ministro da Fazenda, caso a nomenclatura anterior seja reconstituída, definirá o modelo para a reimplantação das pastas aglutinadas à Economia. Um exemplo é o futuro Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.

Já se sabe que o Planejamento terá a responsabilidade de participar da reforma administrativa e, tudo indica, também deve acompanhar um amplo plano de obras, uma espécie de reedição do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

A ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior é uma das apostas de petistas para ter um cargo de comando do programa de obras de infraestrutura.

Se um não petista ocupar o posto de ministro da Fazenda, é dado como certo que haverá representante do partido no Ministério do Planejamento. Os mais cotados são Haddad, Aloizio Mercadante e Gleisi Hoffmann. Nesse caso, também são considerados Wellington Dias e Rui Costa, governador da Bahia em final de mandato, que também é cotado para a Casa Civil.