Pesquisa aponta que agressores de animais também podem cometer crimes hediondos
O trabalho teve como fruto o livro “Maus Tratos contra animais e violência contra pessoas”, do PM paulista Marcelo Robis; ele participa de evento em Goiânia na próxima segunda-feira
Uma pesquisa desenvolvida pelo tenente-coronel da Polícia Militar (PM) de São Paulo, Marcelo Robis Francisco Nassaro, aponta que pessoas que agridem animais também podem cometer crimes hediondos. O trabalho teve como fruto o livro “Maus Tratos contra animais e violência contra pessoas”. O autor estará em Goiânia na próxima segunda-feira (21) para evento da Ordem dos Advogados do Brasil Seccção Goiás (OAB-GO).
Marcelo vem à capital goiana para palestrar do II Seminário de Direito NeoHumanista – Direito dos Animais organizado pela Ordem. O evento será realizado às 19h30 no Auditório ESA, no Setor Sul. O levantamento foi feito com base nas ocorrências atendidas pela PM no estado paulista. Um dado importante é que 90% por homens, com idade média de 43 anos.
“Atender ocorrências de maus-tratos, muitas vezes deixada de lado, por não ser prioridade, pode detectar situações deploráveis, como estupros e violências psicológicas. Porque pessoas que maltratam animais tendem a cometer outros crimes de violência contra pessoas e outros animais. Há uma conexão nisso e minhas pesquisas comprovaram cientificamente essa conexão”, explica.
O tenente-coronel Nassaro realizou a pesquisa de mestrado entre 2010 e 2012, com base em 643 fichas criminais de pessoas autuadas por maus-tratos aos animais. “Apurei toda a vida pregressa delas, antes e depois de cometerem crimes. Essas pessoas cometeram, ao todo, 595 delitos. Destes, aproximadamente 50% dos crimes cometidos eram de violência, tais como lesões corporais, homicídio, estupros e roubos”, conta o militar.
“A teoria indica uma propensão, uma indicação de que pessoas que cometem crimes de maus-tratos aos animais, especialmente no ambiente familiar foram vítimas elas mesmas de abusos e crueldade, quando crianças ou adolescentes”, explica o policial. “Estas tenderão a continuar o ciclo de violência até que sejam identificadas e esse ciclo quebrado, por ações criminais, com apoio psicológico, etc”, completa.
O seminário
O II Seminário Direito NeoHumanista – Direitos dos animais é aberto ao público. O foco, segundo a OAB, são advogados e estudantes de Direito. Os interessados devem se inscrever pelo site da instituição. No dia da programação é preciso levar 1 quilo de ração de gato ou cachorro e também material de limpeza. Os produtos arrecadados serão doados a abrigos em Goiânia.
Segundo Pauliane Rodrigues, presidente da Comissão Especial de Proteção e Defesa Animal da OAB, o seminário é realizado para comemorar o ‘mês dos animais’. “O intuito é discutir os direitos dos animais, e dessa vez mais focado na questão sobre os maus tratos”, afirma.