Pesquisa mostra que 54% dos profissionais têm medo de errar e serem punidos
Levantamento mostra que grande parte dos inseguros vem da área de finanças, seguida da área de logística
Uma pesquisa da Pulses, plataforma de soluções de clima organizacional, mostra que 54% dos colaboradores entrevistados têm medo de errar no trabalho e serem punidos por isso. A pesquisa ainda trouxe que eles não acreditam na afirmação: “Se alguém errar, isso não será usado contra a pessoa.”
O levantamento destaca que a insegurança aumenta mais com o passar do tempo da empresa. Os colaboradores que estão há mais tempo no trabalho acreditam que vão sofrer consequências negativas se falhares. Isso representa 91% dos entrevistados que se encaixam nessa categoria.
Quem menos tempo de empresa, cerca de até seis meses, o índice é de 37%.
Pessoas que trabalham com finanças acreditam que serão as mais punidas
O levantamento ouviu 2 mil pessoas que trabalham em empresas dos mais variados segmentos e portes.
As pessoas que trabalham no ramo de seguro e serviços financeiros afirmam que vão sofrer represálias caso cometam um erro, sendo 84% dos colaboradores entrevistados.
Cerca de 46% das pessoas que trabalham na área da tecnologia têm medo de errar. O setor da indústria tem índice de 35% dos trabalhadores inseguros com erros.
Veja os índices dos colaboradores que discordam da afirmação “se alguém errar, isso não será usado contra a pessoa”
- Serviços financeiros e seguros: 84,29%
- Logística, transporte e armazenagem: 69,32%
- Saúde e assistência social: 64,86%
- Consultoria: 58,63%
- Serviços profissionais e técnicos: 55,56%
- Educação: 50%
- Tecnologia e software: 46,22%
- Marketing e comunicação: 40,91%
- Indústria: 35,71%
Líder de sucesso de pessoas da Pulses, Renato Navas, afirma que, por uma questão histórica, a área financeira tem uma cultura mercadológica mais agressiva, principalmente com metas. Dessa forma, os erros podem gerar impactos financeiros tanto para os clientes quanto para os próprios colaboradores.
Já a área da tecnologia é composta por muitas startups, que pregam um ambiente de trabalho mais amigável, voltado para inovação, e veem o erro como uma etapa natural para o processo de crescimento e amadurecimento. Entretanto, a pandemia pode mudar completamente esse cenário.
“Percebo um movimento de renovação e ressignificação em muitas culturas organizacionais, motivado, em muitos casos, pelos próprios colaboradores. As pessoas já estão negando oportunidades em empresas que prejudiquem sua saúde psicoemocional, e isso está gerando uma discussão de novas agendas nas organizações”, diz.
Maioria diz que há sensação de um ambiente psicologicamente seguro para trabalhar
O resultado da pesquisa também retrata que, para grande maioria, há a sensação de um ambiente psicologicamente seguro para trabalhar: 86% disseram que são respeitados por todos os colaboradores da empresa e 72% disseram se sentir à vontade para dar o seu ponto de vista à liderança imediata.
Entretanto, esses índices caem quando as perguntas são sobre problemas ou erros: 40% disseram que não sentem que podem trazer questões para serem debatidas e 32% disseram desacreditar na afirmação “na empresa, acredita-se que está tudo bem não acertar da primeira vez”.
Renato afirma que o medo de errar faz parte do mecanismo de autoproteção de qualquer ser humano, mas é importante saber e entender de onde esses receios vêm.
“Esse medo é irrealista e está vindo de uma insegurança em relação às tarefas ou da dificuldade em compreender a cultura da empresa ou é uma percepção baseada em observações da realidade, onde existem evidências de que errar causa prejuízos, sejam emocionais, psicológicos ou trabalhistas? Independente de qual aspecto está em jogo, cabe à organização refletir sobre como a estrutura e os processos internos podem estar passando uma mensagem implícita de que é melhor não errar”, destaca.
Sobre o tempo de pessoa na empresa – e como isso acaba agravando o medo de errar – Renato afirma que é importante dar apoio a todos os colaboradores, independente da sua situação.
“Um cuidado que os gestores precisam ter é na crença de que colaboradores com mais tempo de casa e mais ‘maduros’ profissionalmente não regridem. Todos nós estamos expostos a diversas dificuldades e nem sempre estaremos saudáveis o suficiente para lidar com a pressão, cansaço, sobrecarga”, diz.
“Também é importante reagir de uma forma que o time se sinta à vontade para expor suas falhas, e obter o máximo de dados sobre o problema, para aumentar a chance de resolvê-lo com efetividade. Mesmo que um colaborador ainda não tenha atingido o nível ideal de produtividade e performance, as lideranças precisam dar feedbacks contínuos, reconhecendo a caminhada, informando claramente os pontos fortes que contribuem para o sucesso do trabalho e indicando as expectativas de melhoria”, diz.