De olho nos eleitores do maior colégio eleitoral do País, tucanos e petistas intensificaram o número de atos em São Paulo nesta última semana de campanha. Enquanto os aliados de Aécio Neves (PSDB) trabalham para ampliar a vantagem que o candidato teve sobre a presidente Dilma Rousseff (PT), os petistas tentam se recuperar de uma derrota histórica no Estado para obter, pelo menos, um índice de votação parecido com o que a sigla registrou em outros pleitos.
No 1.º turno, Aécio ficou com 44,2% dos votos válidos em São Paulo, Dilma com 25,8% e a candidata do PSB, Marina Silva, com 25,1%. Na eleição de 2010, a petista havia obtido 37,31% dos votos no Estado na primeira fase.
Na avaliação de dirigentes do partido, Dilma foi prejudicada pela candidatura de Marina, que conseguiu votações expressivas em redutos tradicionalmente petistas, como a periferia da capital e cidades da região metropolitana, especialmente em São Bernardo do Campo, Osasco e Guarulhos, locais administrados pelo PT.
Diante dessa realidade, a legenda armou uma estratégia para reconquistar o voto nessas regiões que consistiu em apostar numa campanha à moda antiga, focada no corpo a corpo e no convencimento dos eleitores.
Militantes da sigla foram orientados a ir para as ruas com um discurso afinado em defesa dos 12 anos de governo do PT. “A gente não pediu para ninguém mentir, só comparar a nossa gestão com os oito anos do governo tucano (do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso), disse o secretário de Comunicação do PT-SP, Aparecido Soares de Lima, o Cidão.
Nesta quarta-feira, 22, o jornal O Estado de S. Paulo acompanhou três militantes petistas em campanha por Heliópolis, na zona sul um dos bairros mais pobres da capital paulista. Munidos de bandeiras, adesivos e panfletos, caminharam pelas ruas por cerca de duas horas, cantando jingles do PT e perguntando às pessoas em quem elas iriam votar. Quando se deparavam com um eleitor tucano, desfiavam um rosário de como o País avançou nos últimos anos.
Raimundo Bonfim, que coordena a Central de Movimentos Populares da sigla, tem esse discurso na ponta da língua. Segundo ele, é preciso mostrar que o governo teve um papel importante na melhoria da vida das pessoas.
O militante cita como exemplo a baixa taxa de desemprego e programas que viraram vitrines da gestão petista, como o ProUni, que facilita o acesso das pessoas mais pobres ao ensino superior. “Aqui em Heliópolis hoje tem um monte de gente que é analfabeta, mas que tem todos os filhos na universidade”, afirmou.
Bonfim admite, porém, que essa tem sido a campanha mais difícil para o PT desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao poder, em 2002, e acredita que boa parte dessa dificuldade se deve às denúncias de corrupção que atingiram o partido nos últimos anos.
Apesar disso, dirigentes da sigla avaliam que, diante do cenário de polarização do 2.º turno e da real chance de o PSDB voltar à Presidência, muitos petistas que estavam “desgostosos” com o partido voltaram a fazer campanha no Estado.
Um exemplo desse fenômeno teria sido o ato realizado na noite da última segunda-feira, no Teatro da Universidade Católica de São Paulo (Tuca). Dentro do teatro, artistas e intelectuais declararam seu apoio a Dilma e, do lado de fora, milhares de pessoas acompanharam o evento mesmo sob uma chuva que insistia em cair. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.