PF indicia Pablo Marçal por uso de documento falso
Goiano publicou um laudo falso contra Guilherme Boulos às vésperas do primeiro turno das eleições
Ex-candidato à prefeitura de São Paulo, o goiano Pablo Marçal (PRTB) foi indiciado pela Polícia Federal (PF), nesta sexta-feira (8), por uso de documento falso. O empresário é acusado de publicar, na véspera do primeiro turno das eleições, em 4 de outubro, um laudo médico falsificado para tentar associar seu adversário, Guilherme Boulos (PSOL), ao uso de drogas. O caso será encaminhado ao Ministério Público Eleitoral, que decidirá se oferecerá denúncia contra ele.
Em depoimento prestado na Superintendência da PF de São Paulo, Marçal afirmou que o documento foi divulgado por sua equipe e que não se envolveu diretamente. No entanto, uma investigação da PF aponta que o laudo médico utilizado na acusação traz a assinatura falsificada do médico José Roberto de Souza, falecido em 2022. A análise pericial concluiu que as assinaturas do documento e os registros oficiais do médico são diferentes, o que reforça as suspeitas de falsificação.
O laudo divulgado por Marçal relatou um suposto atendimento de Boulos em janeiro de 2021 na clínica Mais Consulta, na zona sul de São Paulo, com um “quadro de surto psicótico” e “ideias homicidas”. A perícia mencionou, no entanto, que José Roberto nunca trabalhou na clínica mencionada e que seu histórico profissional era de hematologista, sem qualquer atuação em psiquiatria.
A revelação de que a assinatura do médico foi falsificada levou a família de José Roberto a entrar com uma ação na Justiça contra Marçal, onde solicita sua inelegibilidade.
A clínica Mais Consulta, mencionada no laudo, também foi envolvida nas investigações. Luiz Teixeira da Silva Junior, sócio da empresa, negou qualquer ligação com o ex-candidato e afirmou que seu nome foi utilizado sem consentimento.
O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) determinou a remoção do conteúdo falso das redes sociais e a suspensão temporária dos perfis de Marçal no Instagram. O ministro Alexandre de Moraes também tentou que Marçal prestasse depoimento para ter continuado a postar no X (antigo Twitter) durante o período de suspensão.