TERRORISMO

PF prende no Paraná homem suspeito de planejar atos terroristas

Segundo a apuração, o jovem mantinha contato direto com radicais islâmicos no exterior

Foto: Agência Brasil

A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (2) em Maringá, norte do Paraná, um suspeito por atos preparatórios de terrorismo.

Segundo a apuração, o jovem, que não teve a identidade revelada, mantinha contato direto com radicais islâmicos no exterior e pretendia viajar para o Iraque para integrar organizações terroristas

As investigações apontam que o suspeito foi recrutado por meio virtual e passou a assumir uma visão religiosa “extremista e violenta”, com potencial para provocar atos terroristas. Nas redes sociais, o jovem se identificava como professor de música, segundo a PF.

De acordo com a PF, ele gravou vídeos nos quais aparece encapuzado e “manifestava o desejo de executar mortes de inocentes em uma ação suicida”. Nas imagens, ele exibia armas, munições, um rádio comunicador e cédulas de dólares, entre outros itens.

O próprio suspeito distribuiu esses vídeos em grupos nas redes sociais.

Com o suspeito foram apreendidos uma espingarda calibre 32 e várias artefatos que imitavam armas de fogo. Ele foi alvo de um mandado de prisão temporária, com duração de cinco dias.

Os atos foram enquadrados na Lei Antiterrorismo de 2016, já que, de acordo com a PF, o jovem possui treinamento para manusear armas, além de motivação (radicalismo religioso) e meios (armas e munições) para consumar os atos. As penas previstas para esse tipo de crime podem chegar a 30 anos de prisão.

Segundo a PF, o preso possui um extenso histórico de registros criminais, como posse de drogas e condenação por posse irregular de arma de fogo e tentativa de roubo. Ainda tramita contra ele uma ação penal por homicídio qualificado.

O advogado Bruno Milanez, doutor em direito processual penal e especialista em Criminologia, explica que a Lei Antiterrorismo brasileira antecipa o resultado e pune como se fossem crimes consumados alguns atos preparatórios de terrorismo.

“A lei possui alguns tipos penais bastante abertos, então a investigação é necessária até mesmo para verificar se efetivamente se trata de ato isolado ou se há outros vínculos a serem identificados e devidamente apurados”, avalia.

Em 2017, um ano após as Olimpíadas no Brasil, a Justiça Federal do Paraná condenou oito brasileiros réus da Operação Hashtag, que apurou suspeita de planejamento de ataques terroristas durante os Jogos. A denúncia foi a primeira oferecida no país com base na nova legislação.

Não foi apurada a ligação dos réus com grupos extremistas e tampouco havia um plano concreto para uma ação terrorista no Brasil, mas a maioria deles fazia apologia do Estado Islâmico, publicando fotos e vídeos de execuções e glorificando dogmas e ataques do grupo.

Em junho deste ano, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou recurso de Leonid El Kadre de Melo, apontado como um dos líderes do grupo, e o manteve em uma prisão de segurança máxima, em Campo Grande (MS). Entre os réus, ele cumpre a maior pena, de 15 anos e 10 meses de prisão.

A reportagem questionou a PF, mas a instituição afirmou que não divulgaria maiores detalhes da operação. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do investigado.