JUSTIÇA

PGR pede ao Supremo que reestabeleça condenação de acusados no caso da Boate Kiss

Procuradoria afirma que anulação representa a "despropositada e crudelíssima renovação das dores infligidas a quem sobreviveu à tragédia e às famílias das centenas de vítimas fatais"

PGR pede ao Supremo que reestabeleça condenação de acusados no caso da Boate Kiss
PGR pede ao Supremo que reestabeleça condenação de acusados no caso da Boate Kiss (Foto: Reprodução)

A Procuradoria Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que reestabeleça a condenação dos quatro acusados do incêndio da Boate Kiss. O caso aconteceu em 2013, em Santa Maria (RS).

Para a PGR, a anulação representa a “despropositada e crudelíssima renovação das dores infligidas a quem sobreviveu à tragédia e às famílias das centenas de vítimas fatais”. A subprocuradora Cláudia Sampaio Marques assinou a peça.

Segundo ela, ao refutar as defesas dos acusados, não houve violação dos preceitos fundamentais. Ele pontua que a decisão que anulou o júri é uma “clara e indiscutível afronta ao princípio do devido processo legal”. A anulação do júri do caso que resultou em 242 mortos e mais de 600 feridos ocorreu em 2022, por meio do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS).

Vale lembrar, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu manter a anulação do júri que condenou os quatro acusados pela tragédia em 5 de setembro do ano passado. Os ministros analisaram recurso do Ministério Público o Rio Grande do Sul (MPRS), mas mantiveram o acórdão por 4 a 1 por causa de uma reunião secreta entre juiz e jurados, e sem advogados e membros do MP.

Relembre a anulação

Passados mais de dez anos do incêndio da boate Kiss, não há ninguém condenado criminalmente pela tragédia que matou 242 pessoas e feriu mais de 600.

Em agosto de 2022, por dois votos a um, os desembargadores da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça gaúcho anularam o júri que havia condenado meses antes quatro réus pela tragédia: os sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann; um músico, Marcelo de Jesus dos Santos; e um auxiliar de palco, Luciano Bonilha Leão. As penas anuladas variavam entre 18 anos e 22 anos e seis meses de prisão.

O júri, realizado em dezembro de 2021, foi o maior história do Rio Grande do Sul. Conforme o magistrado Orlando Faccini Neto, este foi realizado com particular esforço para não dar margem a anulação.

Condenações anuladas:

Elissandro Callegaro Spohr (sócio da boate) – 22 anos e 6 meses de prisão;

Mauro Londero Hofmann (sócio da boate) – 19 anos e 6 meses de prisão;

Marcelo de Jesus dos Santos (vocalista da banda Gurizada Fandanhgueira) – 18 anos de prisão;

E Luciano Bonilha Leão (auxiliar da banda) – 18 anos de prisão.

Caso

O incêndio ocorreu por volta das 3h de 27 de janeiro de 2013. O fogo começou depois do músico Marcelo de Jesus acender um objeto pirotécnico dentro do estabelecimento enquanto se apresentava. A espuma do teto foi atingida e começou a queimar. Dos 242 mortos e 636 feridos, a maioria era de estudantes de 17 a 30 anos. O local, além de lotado, não tinha equipamentos para combater as chamas e nem saídas de emergência suficientes.