NOVO GOVERNO

PL será oposição a Lula, anuncia presidente do partido

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, anunciou nesta terça-feira que o partido que abriga…

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, anunciou nesta terça-feira que o partido que abriga o presidente Jair Bolsonaro fará oposição ao governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista coletiva, o líder do Centrão também confirmou que convidou Bolsonaro para um cargo de presidente de honra no partido.

— O PL não renunciará às suas bandeiras e ideais. Será oposição aos valores comunistas e socialistas, será oposição ao futuro presidente. O Partido Liberal seguirá mais forte do que nunca na busca pela construção de uma nação unida.

— Hoje nós queremos que ele comande nosso partido. Queremos Bolsonaro à frente dessa luta que ele construiu para levar nosso partido a um patamar mais importante — afirmou. — Fizemos a maior bancada graças ao presidente Bolsonaro de deputados federais e senadores. Jamais pensei que pudesse construir uma bancada desse nível.

Questionado sobre se irá seguir Jair Bolsonaro se ele questionar o resultado nas urnas, Valdemar disse que irá “segui-lo no que for preciso” e também que irá aguardar o relatório das Forças Armadas sobre as eleições, “se tiver algo concreto nas mãos”.

— Bolsonaro é nosso capitão, vamos segui-lo no que for preciso.

Valdemar confirmou também que Bolsonaro será candidato a presidente em 2026.

— Com certeza ele não será candidato a prefeito (do Rio em 2024). Quatro anos passam rápido, ele é jovem. Com certeza. Será nosso candidato a presidente em 2026.

Ele se posicionou ainda sobre a PEC de Transição, proposta pelo PT para custear a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, entre outras políticas públicas. O dirigente disse que discutiu esse tema com o presidente Jair Bolsonaro e que o assunto será levado à bancada do PL. Se for “bom para o país”, o PL votará a favor, afirmou Valdemar Costa Neto.

Valdemar vinha sendo pressionado por deputados do PL ligados a Bolsonaro a anunciar a oposição com o receio que, assim como outras siglas, o partido também abrisse negociação com o PT, de que foi um aliado histórico. Alguns dos aliados mais radicais de Bolsonaro, como Filipe Barros (PR), Bia Kicis (DF), Carlos Jordy (RJ) e o senador eleito Jorge Seif (SC), estavam presentes na plateia.

Sobre a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado, Valdemar disse que apoiará a reeleição de Arthur Lira (PP-AL), atual presidente, desde que haja um acordo para que o partido de Lira endosse também um candidato do PL à presidência do Senado. A bancada do PL será a maior da Casa, com 14 senadores.

Derrotado na urnas e sem cargo público pela primeira vez em 34 anos a partir de janeiro de 2023, Bolsonaro terá toda estrutura para seguir o projeto político do PL, segundo Valdemar Costa Neto, e deverá viajar o país. Seu salário ainda não está definido, mas o cacique do Centrão garante que irá pagar “o que puder”.

— A estrutura vai ser a que ele necessitar. É muito importante que ele corra o Brasil para a gente conseguir atingir nossos objetivos — disse o presidente do PL.

— Não discutimos isso, não discutimos com Bolsonaro (o salário). Mas quero pagar o maior valor que eu puder. Porque um cabo eleitoral com 58 milhões de votos não é fácil. Ele vai ter toda a estrutura que precisar para correr o Brasil.

É a primeira entrevista coletiva de Valdemar desde que Bolsonaro se filiou ao partido. De perfil discreto, o dirigente submergiu após ser condenado pelo escândalo do Mensalão em 2012 e cumprir pena.

Um dos pilares do Centrão, o PL elegeu a maior bancada para a Câmara de Deputados com 99 parlamentares ao abrigar Bolsonaro em novembro do ano passado para disputar a reeleição.

Com o ingresso do presidente, a legenda atraiu aliados bolsonaristas puxadores de votos nos estados que contribuíram para o êxito do PL nas eleições. A sigla, contudo, permanece abrigando os deputados fisiológicos. A estimativa na Executiva do próprio partido é que, dentre os 99 deputados eleitos, mais de 40 estarão dispostos a ajudar o futuro governo, se forem atendidos com cargos e emendas.

Integrantes do PL acreditam que, em um primeiro momento, toda a bancada deveria se posicionar como opositora ao governo Lula. Porém, há uma ala que defende que o partido acabe usando a resistência dos deputados bolsonaristas para, mais tarde, “vender mais caro” o apoio dos parlamentares dispostos a negociar com o governo votação por votação.