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Incorporando o espírito natalino, a Polícia Militar vai desempenhar uma missão especial neste final de semana. A corporação se prepara para a entrega de centenas de peças de roupas e de brinquedos para a comunidade Quilombola Kalunga no município de Cavalcante. A doação será realizada neste domingo (13/12), quando os militares embarcam para a comunidade Kalunga Vão das Almas.
Os policiais devem permaecer no local por oito dias com uma equipe com seis instrutores do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), uma psicóloga e três multiplicadores da filosofia de Polícia Comunitária, além de equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Comando de Operações de Divisas (COD) e Batalhão Ambiental, que irão desenvolver a primeira edição do Projeto Kalungas PMGO.
Segundo a assessoria de imprensa da corporação, foi arrecadado 1 tonelada de alimentos. Os policiais também conseguiram uma centena de brinquedos, que farão a alegria das crianças da região. “Nosso objetivo principal é levar cidadania para a população daquela localidade”, explica o tenente coronel Ricardo, chefe da PM5.
Comunidade quilombola
O Quilombo Kalunga, que no município de Cavalcante é dividido em três comunidades (Engenho II, Vão de Almas e Vão do Moleque) teve sua origem há mais de 300 anos, quando os negros que eram explorados na mineração entre as serras da Chapada dos Veadeiros, no próprio município de Cavalcante, fugiam dos maus tratos e das condições de vida insalubre e se refugiavam entre os “vãos” das muitas serras da Chapada. As maiores comunidades ainda se encontram em locais de difícil acesso, sendo necessária a travessia de rios e muitas serras íngremes para chegar até o local.
As centenas de famílias dessas comunidades vivem em situação de isolamento. Em apenas uma delas há energia elétrica. As pessoas da região vivem da agricultura e tratam suas doenças com ervas e raízes. Casos de morte por picadas de cobra ou mesmo durante trabalho de parto são relativamente comuns.
Serviços básicos como água encanada ou postos de saúde não chegaram até lá. A única escola do local funciona pelo esforço dos próprios professores, mas falta material escolar e infraestrutura básica.
Para atender a essa população, desde abril a PM realiza visita na comunidade, visando a assegurar o direito da população e implantar o projeto de policiamento comunitário e do Proerd. “Infelizmente, as drogas não têm mais fronteira. Não há local onde elas não estejam. Por isso é muito importante que desenvolvamos esse projeto naquele local”, relata o tenente coronel Ricardo.
Além disso, visa-se a atenção a casos de violência sexual e violência doméstica, já que muitos casos dessa natureza já foram registrados no município, tendo como vítimas crianças, adolescentes e mulheres daquela comunidade.