RIO DE JANEIRO

PM presa pela morte da irmã tem carteira funcional apreendida e porte de arma suspenso

Crime aconteceu após uma discussão entre as duas mulheres em um posto de gasolina no bairro Camarão, em São Gonçalo

A policial militar Rhaillayne Oliveira e a irmã Rhayna Oliveira (Foto: arquivo pessoal)

A Polícia Militar confirmou, nesta segunda-feira, ter apreendido a carteira funcional da soldado Rhaillayne Oliveira de Mello, presa em flagrante no último sábado pela morte da irmã, a comerciante Rhayna Oliveira de Mello. Com a apreensão do documento, feita pela Corregedoria da corporação, o porte de arma da policial fica temporariamente suspenso até pelo menos a conclusão da investigação ou até uma decisão contrária da Justiça. O crime aconteceu após uma discussão entre as duas mulheres em um posto de gasolina no bairro Camarão, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.

O assassinato foi flagrado por câmeras de segurança do posto de gasolina. Entre a chegada das duas irmãs ao estabelecimento e o momento dos disparos, passaram-se apenas sete minutos. De acordo com uma testemunha que teve acesso ao vídeo, as imagens mostram a soldado e Rhayna chegando ao posto às 7h55. Instantes depois, as duas discutem na porta do banheiro, na área externa do posto.

Em seguida, as duas vão separadamente ao toalete e, ao retornarem, se encontram na área desativada de lavagem de veículos. Há uma nova discussão e, segundo depoimentos prestados na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), a PM agradiu a irmã com um soco na cabeça. Rhayna reagiu e derrubou a policial.

Às 8h02, ainda de acordo com o que foi apurado pela polícia, Rhaillayne levantou, sacou uma pistola Glock que pertence à PM e fez vários disparos. Um deles atingiu a vítima, que não resistiu ao ferimento e morreu. Nesta segunda-feira, a fachada da parede do banheiro do posto de gasolina ainda estava perfurada por um dos tiros. A PM foi presa em flagrante pelo marido, que também é policial e estava no local.

O laudo de exame de necropsia realizado no cadáver da comerciante Rhayna Oliveira mostra que ela morreu em decorrência de um disparo de arma de fogo no tórax. No documento do Instituto Médico-Legal (IML), é apontado que ela sofreu hemorragia interna, além de lesões pulmonar e vascular após ser baleada pela irmã.

De acordo com o laudo, assinado pelo perito legista Carlos Eduardo Jandre Boechat, o projétil da pistola ponto 40 pertencente à Secretaria de Polícia Militar foi encontrado na região dorsal direita da vítima. Professor titular de Medicina-Legal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Nelson Massini afirma que, em razão de a bala ter atingido vasos do coração, causando uma grave hemorragia, a morte de Rhayna se deu de maneira rápida, em menos de dez minutos.

Já no laudo de exame em local de encontro de cadáver, o perito criminal Fabiano de Souza Gomes afirma ter recolhido cinco estojos de munição calibre ponto 40, estando dois deles ao lado do corpo de Rhayna e o restante espalhados pelo local, além de uma munição a aproximadamente três metros da vítima. No local, ainda foram encontrados vasilhames normalmente utilizados no envasamento de entorpecentes como cocaína e ainda um vasilhame de bebida alcoólica quebrado.

Neste domingo, ao passar por uma audiência de custódia na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, Rhaillayne teve sua prisão em flagrante convertida em preventiva. Em sua decisão, o juiz Antônio Luiz da Fonseca Lucchese rejeitou o parecer da Defensoria Pública, que requereu a concessão de liberdade provisória, com aplicação de medidas cautelares diversas da prisão.

“No que diz respeito à conversão da prisão em flagrante em preventiva, entende este magistrado que a prisão se mostra necessária e proporcional, data vênia do entendimento defensivo (…) Evidentes, pois, os contornos de gravidade dos fatos. Neste prisma, tudo indica que o restabelecimento da liberdade da custodiada gera ofensa à ordem pública, assim considerado o sentimento de segurança, prometido constitucionalmente, como garantia dos demais direitos dos cidadãos”, escreveu.