PM que matou homem negro com 11 tiros pelas costas é preso em SP
A vítima havia furtado quatro pacotes de sabão quando foi alvejado por Vinicius de Lima Britto
O soldado da Polícia Militar Vinicius de Lima Britto foi preso nesta quinta-feira (5), em São Paulo. A prisão preventiva foi decretada após denúncia do Ministério Público, que o tornou réu por homicídio qualificado. O PM é acusado de matar Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, com 11 tiros pelas costas.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), Britto será levado ao Presídio Militar Romão Gomes nesta sexta-feira (6), após passar por audiência de custódia. A decisão foi tomada pela juíza Michelle Porto de Medeiros Cunha Carreiro, que destacou a “periculosidade do agente” diante das circunstâncias do crime, ocorrido em uma via pública.
Para a magistrada, o policial extrapolou os limites da função. “A conduta excedeu em muito os limites de sua atividade, em flagrante deturpação da finalidade da Polícia Militar“, escreveu na decisão.
Legítima defesa contestada
Em depoimento, Vinicius de Lima Britto alegou ter agido em legítima defesa. No entanto, a denúncia apresentada pela 3ª Promotoria do 5º Tribunal do Júri contesta a versão. Imagens mostram que o jovem estava desarmado e não apresentava risco. O promotor substituto Rodolfo Justino Morais destacou que o policial já esteve envolvido em outras três mortes em apenas dez meses de serviço, apontando “alta periculosidade e risco à sociedade“.
A vítima, Gabriel Renan, havia furtado quatro pacotes de sabão de um mercado na avenida Cupecê. Ao fugir, escorregou em um pedaço de papelão e foi atingido enquanto tentava se levantar. Britto, que estava à paisana, disparou os tiros em direção a uma avenida movimentada, colocando em risco clientes e pedestres, segundo a denúncia.
PM que matou homem negro com tiros pelas costas em SP: repercussão e críticas
O caso gerou grande repercussão e levou o governador Tarcísio de Freitas e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, a condenarem a ação. Ambos afirmaram que o episódio desrespeitou protocolos da corporação, que proíbem disparos contra suspeitos pelas costas.
A denúncia, protocolada na quarta-feira (4), reforça que o crime foi premeditado e cometido com brutalidade. “A vítima estava completamente desarmada e indefesa, o que indica dolo exacerbado e brutalidade na prática do delito”, aponta o documento.
Este é o segundo caso de grande repercussão envolvendo policiais militares em São Paulo nesta semana. Outro PM foi preso acusado de jogar um homem de uma ponte, somando mais um episódio de violência policial na gestão estadual.
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