LIBERDADE

PMs do COD presos suspeitos de forjar confronto em Goiânia são soltos

Seis policiais militares do Comando de Operações de Divisas (COD), presos em abril como suspeitos…

Justiça intima PMs acusados de forjar confronto em Goiânia a participarem de reconstituição (Foto: Reprodução)

Seis policiais militares do Comando de Operações de Divisas (COD), presos em abril como suspeitos de forjarem confronto em ocorrência registrada no Setor Jaó, em Goiânia, no começo daquele mês, foram soltos do presídio militar, no domingo (2). A informação foi repassada pelo advogado da família das vítimas, Wallisson dos Reis Pereira da Silva.

“Todos os policiais do COD suspeitos de homicídio e fraude processual no setor Jaó, em Goiânia, foram soltos no domingo. O delegado pediu a prisão preventiva, mas o Ministério Público ignorou e perdeu o prazo. Já se passaram mais de 12 dias sem a manifestação do MP, que está inerte no processo.”

O documento, que o Mais Goiás teve acesso por meio do advogado, é assinado pelo tenente-coronel da PM, Bráulio de Souza Bessa. Ele informa à Justiça que os policiais foram colocados em liberdade em virtude de ter expirado o prazo de mandado de prisão temporária. Foram liberados um 1º tenente, um 2º tenente, um 2º sargento, um 3º sargento e dois soldados.

O portal procurou a assessoria da PM, que confirmou o documento: “Neste domingo (02/06/2024), os policiais militares do COD, que estavam presos após atuação em uma ocorrência no setor Jaó, em Goiânia, foram colocados em liberdade em razão do término da Prisão Temporária. A Polícia Militar segue colaborando com a Justiça e reitera o compromisso de cumprir as decisões emanadas do Poder Judiciário. Estamos comprometidos em garantir a transparência e a legalidade em todas as nossas ações.”

Da mesma forma, o veículo de comunicação procurou o MP para se posicionar acerca da fala do advogado. Em nota, o MP disse que não fez o pedido de prisão preventiva até o momento, pois aguarda “a realização de diligências imprescindíveis, a exemplo da remessa dos laudos periciais, dentre eles o Laudo de Exame Cadavérico e o de Local de Morte Violenta, além da própria reconstituição dos crimes, agendada para esta semana”.

Nota do MP na íntegra:

“O Ministério Público do Estado de Goiás se manifestará ainda hoje a respeito do pedido de prisão preventiva enviado pela Polícia Civil, não o tendo feito até o presente momento em razão da necessidade de se aguardar a realização de diligências imprescindíveis, a exemplo da remessa dos laudos periciais, dentre eles o Laudo de Exame Cadavérico e o de Local de Morte Violenta, além da própria reconstituição dos crimes, agendada para esta semana.

Ressalta-se que as referidas provas são necessárias para individualização das condutas de cada indiciado, tanto que, sem prejuízo das diligências a serem adotadas pela autoridade policial, este Órgão Ministerial também solicitará junto ao Poder Judiciário que assim requisite aos órgãos responsáveis, inclusive à própria Corregedoria da Polícia Militar.

No mais, o MP esclarece que, dos seis suspeitos da prática dos crimes em questão, quatro deles tiveram a prisão temporária cumprida no dia 06/04/2024, sendo prorrogada por mais 30 dias, a partir de 05/05/2024, ou seja, vencendo na data de hoje (03/06/2024).

Já quanto aos outros dois suspeitos, presos temporariamente no dia 11/04/2024, com a prorrogação de 30 dias, deferida na mesma data (03/05/2024), porém com contagem se iniciando no dia 10/05/2024, data em que se encerrou o primeiro período da prisão de ambos, observa-se que estas vencerão no próximo dia 08/06/2024.”

Registro em vídeo e ocorrência

Quatro Policiais Militares (PMs) do COD foram presos em 6 de abril como suspeitos de forjarem um confronto em ocorrência registrada no Setor Jaó, em Goiânia, no início da semana. Na ocasião, os agentes afirmaram que a morte de suspeitos foi uma reação ao serem atacados com tiros, mas um vídeo, gravado pelo celular de um dos mortos, mostrou que a ação se tratou de uma execução, visto que as vítimas estavam desarmadas.

Segundo a ocorrência registrada pela PM, Júnior José Aquino Leite, de 40 anos, e Marines Pereira Gonçalves, de 42 anos, que morreram na ação do COD, foram denunciados por um foragido da Justiça. De acordo com a denúncia, a dupla o havia procurado em uma chácara em Petrolina, na região metropolitana de Goiânia.

Ao não encontrá-lo, Júnior e Marines foram até a casa do foragido da justiça, em Trindade, invadiram o imóvel e furtaram diversos aparelhos. A ocorrência diz ainda que o denunciante afirmou que os dois estariam se passando por policiais civis e extorquindo pessoas com antecedentes criminais na zona rural de cidades próximas à capital.

Procurados pelo Serviço de Inteligência do COD, os dois suspeitos, que estavam em um carro modelo HB20, teriam sido vistos trafegando pelo Setor Jaó. Nas proximidades do Centro de Treinamento do Vila Nova, eles foram abordados por uma equipe fardada, composta por um tenente, dois sargentos, e um soldado.

Os policiais relataram que, quando abordado, o suspeito que estava no volante do carro desceu e usou uma pistola para atirar contra a equipe, que revidou. Um tenente e dois sargentos, então, efetuaram nove tiros de fuzil e outros nove de carabina contra a dupla. O soldado que estava com a equipe e que dirigia a viatura não efetuou nenhum disparo.

Um dos abordados morreu na hora e o outro foi socorrido ainda com vida, mas não resistiu. Durante o registro da ocorrência, os PMs entregaram uma pistola e um revólver para a equipe da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) e afirmaram que as armas haviam sido usadas por eles contra a equipe.

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