JUSTIÇA

PMs viram réus em caso de jovem que morreu após abordagem policial, em Goiânia

Justiça aceitou denúncia por homicídio qualificado por motivo torpe e de maneira que dificultou defesa da vítima

Henrique Alves Nogueira (Foto: Reprodução)

Os quatro policiais militares acusados pela morte de Henrique Alves Nogueira, em Goiânia, se tornaram réus. O jovem foi encontrado morto horas após ser colocado contra vontade em uma viatura do Tático do 7º Batalhão da Polícia Militar, em 11 de agosto deste ano. A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público por homicídio qualificado por motivo torpe e de maneira que dificultou a defesa da vítima na terça-feira (25). Perícia realizada durante a investigação do caso aponta que, antes de morrer, Henrique se ajoelhou.

Os policiais são: o sargento Cleber Leandro Cardoso, o cabo Guidion Ananias Galdino e os soldados Kilber Pedro Morais e Mayk Da Silva Moura. Todos eles estão presos e foram indiciados por homicídio doloso qualificado, fraude processual e falsidade ideológica. Além disso, os quatro têm histórico de envolvimento com outras mortes em Goiás.

O portal não localizou a defesa dos militares para se manifestar sobre o caso.

Na decisão, o juiz Eduardo Pio Mascarenhas apontou que Henrique foi morto com quatro tiros. “Em momentos que antecederam a sua morte e naquele cenário, a vítima tombou ou se colocou de joelhos por certo lapso temporal, promovendo a formação de sujidades na face anterior da calça”, destacou o magistrado do laudo do local de morte.

O juiz também determinou que seja feita uma reprodução simulada dos fatos. Ainda foi ordenado à Polícia Civil que investigue melhor as circunstâncias de uma primeira detenção de Henrique, antes de sua morte, onde ele teria conseguido fugir da viatura mesmo algemado.

Jovem achado morto após ser colocado em viatura

Na versão dos PMs, eles tentaram abordar uma moto com dois homens suspeitos, no Parque Real Conquista, por volta das 20 horas. Porém, durante ação, o piloto fugiu e o garupa caiu, já entrando em confronto com a equipe. Para se defenderem, os policiais teriam alvejado o suspeito. Na sequência, os PMs apresentaram à Polícia Civil uma mochila cheia de drogas que seria do garupa.

Entretanto, durante as investigações do ocorrido, a Delegacia de Homicídios teve acesso a imagens de câmeras de segurança, que mostraram que a vítima tinha sido abordada por volta 8h da manhã, no bairro Jardim Europa.

Conforme a filmagem, Henrique não carregava mochila no momento da abordagem. Ele foi colocado contra a vontade dentro da viatura e, depois disso, nunca mais foi visto com vida.

O delegado André Veloso, que investigou o caso, disse que um laudo sobre a mochila e as drogas ainda não ficou pronto. Mas que um laudo de local de crime apontou várias inconsistências quanto a dinâmica do fato. Quanto a motivação do crime, o investigador afirma que não existe um motivo bem esclarecido.

“Uma testemunha falou que ouviu do próprio Henrique, que ele estaria sendo ameaçado por policiais do Tático porque em determinada abordagem que ocorrera 60 dias antes do fato, ele tinha fugido levando consigo algemas que pertenciam aos militares. Foi essa a versão mais plausível”, explicou.