Pará

Polícia busca suspeitos de assassinato de família a golpes de foice

A chacina foi em uma área rural, na divisa entre os municípios de Rendenção e Conceição do Araguaia, a cerca de 1,1 mil quilômetros da capital, Belém


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Com o apoio da Delegacia de Polícia Agrária do município de Redenção, a Policia Civil do Pará ainda busca, com auxílio de um helicóptero, três suspeitos de participação no assassinato de seis pessoas da mesma família, a golpes de foice – entre elas uma criança de 10 anos e três adolescentes com idade entre 13 e 15 anos –, na madrugada da terça-feira (17).

A chacina foi em uma área rural, na divisa entre os municípios de Rendenção e Conceição do Araguaia, a cerca de 1,1 mil quilômetros da capital, Belém, e teria sido motivada por disputa de terra, segundo a Polícia Civil.

Depois de prender um suspeito de ter colaborado com os criminosos, os policiais mantêm as buscas na região, que é de mata e igarapés, na tentativa de cumprir os mandados de prisão expedidos contra Dinho Santos, ex-dono do terreno e apontado como mandante do crime, e os irmãos identificados como Tonho e Jonhe, suspeitos de ter executado a chacina.

De acordo com a polícia, o antigo proprietário não aceitava a perda do lote, localizado na Fazenda Estiva, que está em processo de desapropriação pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desde 2012. Santos teria contratado dois capangas para retirar a família do local. A polícia não conseguiu esclarecer, entretanto, porque a família foi brutalmente assassinada em vez de ser expulsa do local.

Segundo as investigações, os suspeitos de executar a família viviam pela cidade e desapareceram logo após o crime. As vítimas da  chacina moravam em um barraco de madeira há cerca de duas semanas. De acordo com as investigações, os suspeitos invadiram a casa, amarraram as seis pessoas da família e as levaram para a mata próxima a um igarapé, onde todos foram executados. Preliminarmente, apenas o agricultor Washington da Silva, de 40 anos, tinha marcas de tiro pelo corpo.

Os corpos foram encontrados na madrugada de terça-feira após agricultores da região informarem a Polícia Militar sobre o desaparecimento das seis pessoas. Os policiais foram ao lote e o encontraram abandonado. Ao iniciar as buscas, localizaram o corpo da agricultora Leidiane Soares, de 30 anos, com as mãos amarradas, na margem de um igarapé. Em seguida, com auxílio de bombeiros, os policiais localizaram os outros corpos.

Em nota, o ouvidor agrário nacional e presidente da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo, Gercino José da Silva Filho, repudiou o ato de violência e convocou, para o dia 4 de março, reunião da comissão para tratar do assunto.

“A ouvidoria reitera que irá atuar em todas as instâncias necessárias para que os responsáveis pelo ato criminoso, hediondo, sejam punidos na forma da lei”, diz nota divulgada pelo órgão. A comissão é composta por representantes do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, dos ministérios da Justiça, do Meio Ambiente e da Secretaria de Direitos Humanos, da Defensoria Pública da União, do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Incra.

De acordo com o Incra, a Fazenda Estiva, de propriedade de Ricardo Rocha Lima Paranhos, com área de 2.830 hectares, foi declarada de interesse social para fins de reforma agrária em 22 de dezembro de 2010. O valor da área, com as benfeitorias, foi calculado em R$ 5,6 milhões.

Em 17 de dezembro de 2012, o Incra protocolou ação de desapropriação na Justiça Federal da Subseção Judiciária do município de Redenção. Passados dois anos, ainda segundo o Incra, a Justiça estadual homologou acordo entre o Estado e o dono da área. No início de fevereiro, o processo voltou para a sede do Incra, em Brasília, para emissão do Título da Dívida Agrária (TDA), documento que estabelece  como o Estado fará o pagamento ao proprietário da área.