INVESTIGAÇÃO

Polícia diz não ver indícios de que houve sexo grupal em colégio no Rio

Relatos no Pedro 2º foram exagerados, diz investigação; hipótese de alguma situação de estupro de vulnerável, porém, não está descartada

Polícia diz não ver indícios de que houve sexo grupal em colégio no Rio (Foto: Reprodução)

A Polícia Civil do Rio de Janeiro diz não ter encontrado indícios de que houve sexo grupal entre alunos do Colégio Pedro 2º, na unidade federal da zona oeste. A possibilidade de estupro de vulnerável, no entanto, está sendo investigada.

Seis alunos, com idades entre 12 e 17 anos, apontados como participantes do ato já foram ouvidos na quarta (21) na 33ª DP (Realengo), acompanhados dos responsáveis. Outros dois estudantes ainda devem depor.

O caso passou a ser investigado após o Conselho Tutelar ter sido acionado pela instituição de ensino, que é federal, para apurar a denúncia de que um grupo de alunos praticou atos libidinosos em uma sala no último dia 13. De acordo com o artigo 217-A do Código Penal, sexo com menor de 14 anos, independentemente de eventual consentimento, caracteriza estupro de vulnerável.

Após áudios chegarem à direção do colégio, oito alunos supostamente envolvidos no ato foram suspensos das aulas por cinco dias.

Nas gravações de voz, obtidas pela polícia, estudantes afirmavam que os alunos marcaram a ação previamente. Um dos relatos dizia que o sexo grupal fora transmitido ao vivo, pelo WhatsApp.

A Folha teve acesso ao trecho do depoimento de um estudante, que disse não ter ter visto cenas de sexo. “[…] o depoente não presenciou qualquer ato ou relacionamento sexual. Que houve áudios de Whatsapp gravados por […], dizendo que o depoente ‘transou’ com […], que é inverídico. Que o depoente já foi amigo de […] e não entende o por quê dela ter inventado essa história”.

“Adianto que esses áudios são exagerados. Quase todos os alunos já foram ouvidos. Devo relatar à Justiça nos próximos dias”, disse o delegado Flávio Rodrigues, responsável pelo inquérito.

O policial afirmou, porém, que “é temerário descartar” a possibilidade de estupro de vulnerável. A possibilidade de uma adolescente de 19 anos —portanto, maior de idade— ter participado de alguma ação nesse sentido ainda está sendo investigada.

Após os pais tomarem conhecimento da suspensão dos alunos e da abertura da investigação pela polícia, o Colégio Pedro 2º emitiu uma nota interna.

“Foi solicitado ao Soep (Setor de Orientação Educacional e Pedagógica) que procedesse com o ofício de notificação ao Conselho Tutelar e a realização do atendimento a todas as famílias envolvidas, ações já em desenvolvimento” diz trecho da nota da instituição.

“Considerando a não existência de materialidade, até o início da apuração da denúncia, a direção não emitiu nenhuma forma de comunicado ou realizou qualquer tipo de exposição sobre o caso, principalmente em função do envolvimento de menores, mantendo a lisura na apuração e o devido sigilo”, encerra a nota.

A investigação corre sob sigilo por envolver menores de idade.