Rio de Janeiro

Polícia do Rio prende ex-PM já citado no caso Marielle Franco

O nome do suspeito não foi revelado. A polícia investiga a eventual participação do detido nos homicídios

A Delegacia de Homicídios da Polícia Civil prendeu, na manhã desta terça-feira (24), um ex-PM apontado por supostamente estar no carro em que estavam os assassinos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, Anderson Gomes. O nome do suspeito não foi revelado. A polícia investiga a eventual participação do detido nos homicídios, que aconteceram no dia 14 de março na região central do Rio.

No dia do assassinato, Marielle participava de um encontro de mulheres negras na Casa das Pretas, espaço na Lapa, região central do Rio. Imagens de câmeras de segurança mostram que dois carros estacionaram na rua. Quando Marielle saiu da casa e o carro onde estava deu partida, os dois carros trocaram sinais de alerta e a seguiram.

O carro dos criminosos emparelhou com o veículo em que Marielle estava, na rua Joaquim Palhares, próximo à estação Estácio do metrô, atiraram e fugiram em disparada sem roubar nada. Marielle estava no banco de trás de um Chevrolet Agile branco com sua assessora, que sofreu ferimentos leves. Na frente, estava seu motorista, Anderson Pedro Gomes, que também morreu.

Ao todo, foram 13 tiros. O carro foi atingido nove vezes, sendo que todas as balas foram em direção ao banco traseiro, onde ela estava, segundo a Polícia Civil. Quatro tiros atingiram a cabeça da vereadora. Outros três, a lateral das costas do motorista. Como a maior parte dos disparos atingiram a vereadora, os investigadores da Polícia Civil avaliam que o atirador sabia que Marielle estava sentada naquele lugar.

O caso teve repercussão internacional e entrou na pauta da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão da OEA (Organização dos Estados Americanos).

Intervenção federal

A morte de Marielle ocorreu em meio à intervenção federal na segurança pública do estado. Na prática, com isso, a investigação está sob a responsabilidade do governo Michel Temer (MDB), que decretou em fevereiro a intervenção e escalou um general do Exército para o comando da inédita medida. Polícia Militar e Polícia Civil respondem diretamente aos interventores.

Desde o início, a principal linha de investigação é a de motivação política. Diferentes vereadores prestaram depoimento na condição de testemunha, entre eles, um indiciado na CPI das Milícias, concluída em 2008, na qual Marielle trabalhou.

A assessora de Marielle, que estava no carro no momento do ataque, saiu do país com o marido por medo de represálias. Ela teve apenas ferimentos leves em decorrência do ataque e teve o nome preservado por questão de segurança.

Marielle, do PSOL, tinha como causa o avanço dos direitos das mulheres, principalmente as negras. Trabalhou na Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), onde atendia vítimas de grupos criminosos e de violência policial. Também ajudava famílias de policiais assassinados.

Com frequência denunciava abusos cometidos por policiais em favelas. Dias antes de morrer, criticou o 41º Batalhão da Polícia Militar, o mais letal do Rio.