Operação Chabu

Polícia Federal prende prefeito de Florianópolis

Ele iria participar de uma cerimônia de inauguração de uma obra viária, mas não compareceu

O prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (sem partido), foi preso na manhã desta terça-feira (18) pela Polícia Federal. O político, que exerce o seu primeiro mandato a frente da capital catarinense, foi alvo da Operação “Chabu”, que também cumpre mandados de prisão e busca e apreensão em Porto Alegre (RS).

A prisão do prefeito foi confirmada pela prefeitura. Por meio de nota, o chefe de gabinete Bruno Oliveira informou que Loureiro está na sede da Polícia Federal, no bairro da Agronômica e que “já concordou em prestar todas as informações necessárias”. Ele iria participar de uma cerimônia de inauguração de uma obra viária, mas não compareceu.

“Informações que temos é de que trata-se de uma operação que investiga policiais. Informações preliminares dão conta de que não há nenhum ato ou desvio de recursos públicos relacionados a prefeitura e de que a suposta relação entre o Prefeito Gean Loureiro e os envolvidos não teria nenhuma ligação com eventuais atos”, disse.

A ação desta terça-feira é um desdobramento da Operação Eclipse deflagrada em agosto de 2018. Segundo a Polícia Federal, há indícios que uma organização criminosa construiu uma rede composta por políticos, empresários, e servidores da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal responsáveis por órgão de inteligência e investigação. O objetivo era embaraçar investigações policiais e proteger o núcleo político em troca de vantagens financeiras e políticas.

A PF investiga o vazamento de informações a respeito de operações policiais a serem deflagradas e até o contrabando de equipamentos de contra inteligência. O processo corre em segredo de Justiça. Até as 11h30, não havia balanço dos trabalhos realizados.

Também foram presos nesta operação Fernando Caieron, delegado da Polícia Federal, e Luciano Veloso Lima, ex-secretário da Casa Civil do Estado na gestão Eduardo Moreira (MDB).

Policiais federais cumpriram pela manhã mandados de busca e apreensão dentro da prefeitura de Florianópolis, assim como em casas nos bairros Cacupé e Ingleses. Também foram apreendidos documentos em imóveis na cidade de Balneário Camboriú.

Entre os presos ainda está Marcelo Roberto Paiva Winter. Ele é agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e atua na área de crimes de alta tecnologia, auxiliando em investigações e em forense computacional. Winter ainda responde como Diretor de Comunicação do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais em SC (Sinprf SC).

De acordo com Rubens Cabral Faria Junior, advogado que defende Luciano Veloso Lima, o ex-secretário foi pego de surpresa pela operação. O defensor classificou a prisão como “desnecessária”.

“Trata-se de um processo extremamente sigiloso e só saberemos o teor da acusação quando tivermos acesso ao processo. Ele prestou depoimento na Polícia Federal nesta manhã e respondeu prontamente todas as 30 perguntas feitas pelo delegado que conduz o caso. No entanto, como defesa, entendemos que este pedido de prisão não se justifica e é desnecessária. Se ele fosse intimado compareceria prontamente”, afirmou o advogado.

O advogado de Marcelo Winter afirmou que ainda não obteve acesso aos autos e portanto não irá se manifestar.

Em nota o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) afirmou que se trata de uma investigação, ainda em inquérito (não há ação penal). A competência é do tribunal em função do foro privilegiado do prefeito Gean Loureiro.

A relatoria deste caso é do desembargador federal Leandro Paulsen, que determinou o afastamento das funções de prefeito de Florianópolis por trinta dias a contar do início da prisão temporária. O passaporte de Loureiro também foi entregue.

Em relação ao delegado Caieron, Paulsen suspendeu o exercício de sua função pública até a conclusão das investigações sobre os fatos aqui apresentados.

A reportagem não localizou a defesa de Fernando Caieron.