FIM DO INQUÉRITO

Polícia indicia autor de ataque a creche de Saudades (SC) por 5 homicídios

Polícia destaca que o autor queria atacar a escola que estudava, mas desistiu após não conseguir comprar armas

Polícia indicia autor de ataque a creche de Saudades (SC) por 5 homicídios (Foto: Simone Fernandes/Arquivo Pessoal)

O autor do ataque a escola Aquarela, em Saudades (SC), ocorrido no dia 4 de maio, foi indiciado por cinco homicídios qualificados e uma tentativa de homicídio. O inquérito foi concluído nesta sexta-feira (14) pela PC (Polícia Civil) e encaminhado para o Judiciário. Entre as vítimas estão quatro crianças de menos de dois anos — uma delas sobreviveu — e duas professoras.

O delegado Jerônimo Marçal, responsável pela investigação, observou que o jovem de 18 anos planejava inicialmente praticar o ataque na própria escola onde ele estudava, o que foi descartado após ele não conseguir comprar armas de fogo.

“Ele tentou adquirir arma de fogo de diferentes formas. Não conseguiu. Como achou que não conseguiria enfrentar alunos [da escola dele] com uma arma branca, foi na creche”, explicou o delegado.

Sobre a motivação do crime, o delegado reafirmou em coletiva de imprensa o comportamento do rapaz assim como já havia citado anteriormente.

“O que os elementos mostram: ele [o jovem de 18 anos] era isolado, com dificuldade de relacionamento, num nível muito acima do normal. Vou dar dois exemplos: a família se reunia para jantar e ele não jantava junto, e pedia para a mãe comprar roupa [para ele]. Nos últimos tempos se isolou cada vez mais. Entrou num mundo com muitas ideias violentas e pessoas que pensavam de forma parecida com ele. Ele alimentou esse ódio nos últimos meses, criou esse ódio generalizado”, declarou o delegado, ressaltando que não queria dar “palco” para o autor.

Polícia indicia autor de ataque a creche de Saudades (SC) por 5 homicídios
ataue  Polícia indicia autor de ataque a creche de Saudades (SC) por 5 homicídios (Foto: reprodução /Youtube)

Relembre o caso

O ataque a escola Aquarela aconteceu em 4 de maio, quando um jovem de 18 anos invadiu o local e esfaqueou seis pessoas – duas professoras e quatro crianças de menos de dois anos. Apenas um menino de 1 ano e oito meses sobreviveu. A tragédia não foi maior porque as professoras perceberam o atentado e trancaram as outras salas que tinham aulas no momento.

Vizinhos da escola ajudaram a socorrer as crianças. A agente educativa Aline Biazebetti, 27, ouviu “gritos de socorro” e, no impulso, levou uma das crianças até o hospital. Mal ela sabia que estava carregando o único sobrevivente do ataque.

O pai de uma das crianças contou que, ao saber do ataque, foi às pressas para a escola e não encontrou a filha. Após vasculhar o local, reconheceu a filha pelos cabelos. “Eu vi o cabelinho dela e duas xuxinhas que foram feitas de manhã no cabelo dela, caiu meu mundo”, conta Evandro Sehn, 35 anos.

Para a polícia, o crime foi premeditado. O autor do ataque teria analisado a instituição de ensino e inclusive teria rondado o local um dia antes. A escola teria sido escolhida por ele devido às “vulnerabilidades” identificadas por ele, segundo o delegado Jerônimo Marçal, responsável pela investigação.

Pelo menos três alunos que estudavam na sala alvo do ataque conseguiram escapar pois não foram à aula – entre eles estão os gêmeos Miguel Antonio e Maria Helena, de 1 ano e seis meses, que chegaram a ser levados até a porta da sala de aula. Porém, os pais decidiram levá-los de volta para não acordar os outros alunos – os gêmeos foram fazer exames de rotina e chegaram atrasados.