CASO VALÉRIO

Polícia se esforçou para “dar vida” às denúncias, diz advogado de Maurício Sampaio

Defensor sugeriu que morte de radialista teve relação com o tráfico

Advogado de Sampaio diz que "polícia judiciária quis dar vida as fantasias da carta denúncia" (Foto: Jucimar de Sousa - Mais Goiás)

Ricardo Naves, advogado de Maurício Sampaio, acusado de ser o mandante da morte do radialista Valério Luiz, disse em coletiva que a polícia judiciária se tornou objeto da denúncia e não apurou nada. Segundo ele, “a polícia judiciária, que não foi nada científica, quis apenar preencher lacunas e dar vida as fantasias da carta denuncia”, duvidando de provas que demonstravam que o suposto executor (Ademá Figueiredo), estaria em local adverso na hora do crime.

Ele ainda afirmou que Manoel de Oliveira, pai de Valério, não levou à polícia que sofreu atentados e assaltos após a morte do radialista. E, ainda, que um filho do segundo casamento dele estava envolvido em dívidas do tráfico. Segundo Ricardo, Valério Filho, filho do jornalista, também não informou essas questões.

Conforme ele, é preferível colocar a culpa em alguém, para dar “um lustre no velório, na dor, no sepultamento”, do que aceitar a morte pela ação do tráfico, sem rosto e sem paradeiro. O advogado cita que o juiz afirmou não fazer parte, “mas só não fez parte porque não investigou”. Declarou, ainda, que Valério recebia ameaças diárias no telefone da rádio, que nunca teve o sigilo quebrado ou foi questionado; e que o celular do radialista não foi periciado.

Vale citar, Manoel de Oliveira, o Mané de Oliveira, morreu em fevereiro de 2021.

Resposta

Ao Mais Goiás, Valério Filho informou que as alegações do advogado não são novas. Segundo ele, as supostas ameaças de Valério na rádio não existe em lugar nenhum do processo e nunca foi dito por nenhuma testemunha. “Todas as pessoas que trabalhavam na rádio foram ouvidas.” Segundo ele, a questão do filho de Mané, que seria ligado ao tráfico, não tem qualquer relação com o processo, sendo, inclusive, de conhecimento da polícia, que teve acesso a todas as linhas de investigação.

“Também dizem que o celular do meu pai não foi periciado. O celular ficou de julho de 2012 a fevereiro de 2013 com a polícia. Todos os sigilos foram quebrados. Eles tentam achar qualquer coisa para tentar criar dúvida quanto a autoria.” Por fim, ele também comenta sobre o assalto sofrido por Manoel. “Foi depois e não teve relação. Saiu na imprensa, não foi mantido em segredo. Meu avô até estava assustado com isso.”

Caso

O julgamento está previsto para acontecer a partir das 8h30 da próxima segunda-feira (7), em Goiânia. Esta é a quinta tentativa do júri, que já foi adiado quatros vezes. A sessão, que só tem horário de início, ocorre no Plenário do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), no Setor Oeste. O jornalista foi assassinato em julho de 2012.

Cinco réus são acusados do homicídio: Urbano de Carvalho Malta, Marcos Vinícius Pereira, Maurício Borges Sampaio, Djalma Gomes da Silva e Ademá Figueiredo Aguiar Silva.

Ao todo, participam do julgamento 24 testemunhas, sendo 5 do Ministério Público; 5 do Maurício; 5 do Ademá; 5 do Djalma e 4 do Urbano. O réu Marcos Vinícius não arrolou testemunhas. Também haverá a presença de 7 jurados.

Segundo o Ministério Público, o crime ocorreu em julho de 2012, em razão de críticas feitas pelo profissional, que teriam desagradado o empresário Maurício Sampaio, à época ligado à direção do Atlético Goianiense. O ex-cartorário nega as acusações.

Ainda na coletiva, Maurício diz que nunca fugiu e que é um “cara” que sofre. “Sentei no banco de réu sabendo da minha inocência. Tenho essa convicção.” Durante sua fala, ele também negou que tenha bens e imóveis supostamente atribuídos a ele, como uma fazenda no Texas, EUA.

(Foto: Jucimar de Sousa – Mais Goiás)