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Policiais federais vão parar por uma hora por reestruturação prometida por Bolsonaro

Paralisações devem ocorrer em vários estados

Ato de policiais federais em frente ao novo prédio da PF cobra regulamentação da carreira prometida por Jair Bolsonaro - Gabriela Bilo /Folhapress

Os policiais federais marcaram uma paralisação por 1 hora para esta quinta-feira (12) em mais uma ação de mobilização contra o descumprimento da promessa do governo Bolsonaro de reestruturação das carreiras federais da segurança.

A paralisação está prevista em horários definidos por cada unidade da PF e os policiais devem expor faixas em que cobrarão o governo da promessa feita após a categoria sobre reveses com a reforma da previdência e PEC Emergencial.

No Rio de Janeiro o ato está marcado para ocorrer no Aeroporto Internacional Santos Dumont, às 10h. Em São Paulo, a paralisação está prevista para às 11h e em Brasília será às 10h, em frente às superintendências regionais.

A tensão entre os policiais e governo tem aumentado nas últimas semanas desde a sinalização do anúncio linear de 5% para todas as carreiras federais, que inviabiliza a promessa de reestruturação feita pelo governo quando reservou R$ 1,7 bilhão do orçamento no ano passado.

Na quarta (11), o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Anderson Torres, não compareceram à solenidade de encerramento do curso de formação de 494 novos policiais federais.

A ausência foi creditada nos bastidores ao clima ruim entre governo e policiais federais instalado pela falta de cumprimento da promessa de reestruturação.

A ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) pediu, em assembleia dos seus associados na última semana, a renúncia de Torres.

O Ministério da Justiça creditou a ausência de Torres imprevistos de agenda, devido ao trabalho e disse que situação entre o ministro e o presidente “segue ótima e não há algum dissabor com a PF”.

Nas redes sociais, adversários políticos do presidente, como a deputada Joice Hasselmann (PSDB-SP) relacionaram a ausência a crise do governo com a categoria.

“Como esperado, Bolsonaro fugiu da formatura dos alunos da Polícia Federal hoje. Bateu o medo de receber vaiaço e ser cobrado por promessas não cumpridas”, tuitou a deputada.

Bolsonaro durante seu mandato foi a ao menos duas formaturas de policiais federais. Uma em dezembro de 2021 e outra em novembro de 2019.

O reiterado descumprimento de promessas pelo governo Bolsonaro tem irritado os policiais federais.

Entre delegados, peritos e agentes, a sinalização de que não fará a reestruturação da carreira é tido como mais um revés imposto pelo governo que se elegeu com a bandeira de defesa e valorização da polícia.

Além da reestruturação, eles citam as perdas com o aumento da alíquota de contribuição imposto pela reforma da Previdência e a PEC Emergencial, aprovada em março de 2021 com apoio da base do governo, que prevê um gatilho para congelamento de salário e proibição de progressão na carreira e novas contratações sempre que houver decretação de estado de calamidade ou quando a relação entre despesas correntes e receitas correntes alcançar 95%.

Nesta quarta (11), em uma tentativa de reverter a crise, a base do governo apoiou a votação de uma medida provisória que muda a destinação de recursos do Funapol (Fundo para Aparelhamento e Operacionalização das Atividades fim da Polícia Federal) e que prevê a possibilidade de um agente receber pagamento em dinheiro por ficar de sobreaviso.

A MP altera o dispositivo e prevê a destinação de até 50% dos recursos em transporte, hospedagem e alimentação de servidores em missão oficial. O dinheiro também pode ser usado para saúde e pagamento de indenização ao servidor da PF que, voluntariamente, deixar de gozar integralmente do repouso remunerado, permanecendo à disposição do serviço.

Hoje, esse policial só tem a opção de tirar a folga. Com a MP, ele poderá optar por ficar de sobreaviso e receber em dinheiro. A intenção é tentar ampliar o efetivo disponível para operações policiais, ainda que a opção pelo benefício seja voluntária.

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