Operação Lava Jato

Políticos de Goiás aparecem em documentos da Odebrecht

Entre os citados estão o governador Marconi Perillo, o ex-senador Demóstenes Torres e o prefeito Paulo Garcia

Foram divulgados documentos apreendidos pela Polícia Federal que listam possíveis repasses da Odebrecht para mais de 200 políticos de 18 partidos políticos. Nas planilhas, divulgadas pelo blog do jornalista Fernando Rodrigues, aparecem os nomes do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do ex-senador Demóstenes Torres e do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT).

A tabela aponta que Marconi Perillo teria recebido R$ 200 mil da empreiteira no dia 1 de setembro de 2010. Já ex-senador Demóstenes Torres teria recebido R$ 1,2 milhão no dia 9 de setembro de 2010. O prefeito Paulo Garcia também aparece nos documentos e teria recebido repasses de R$ 300 mil no total.

As planilhas estavam com Benedicto Barbosa Silva Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura, e conhecido no mundo empresarial como “BJ”. Foram apreendidas na 23ª fase da operação Lava Jato, batizada de “Acarajé”, realizada no dia 22 de Fevereiro.

Em nota enviada à imprensa, o Diretório Estadual do PSDB de Goiás informa “que todas as doações para as campanhas de candidatos do partido nas eleições de 2010 e 2014 foram devidamente declaradas à Justiça eleitoral, efetuadas via transferência bancária e atestadas por recibos”.

O prefeito Paulo Garcia também emitiu uma nota informando  que na campanha eleitoral de 2012 ele declarou todos os gastos e todas as arrecadações ao TRE conforme manda a legislação. O prefeito afirma ainda que, “nem na campanha eleitoral de 2012, e em nenhuma outra campanha que participei, recebi qualquer doação da empresa Odebrecht ou de suas subsidiárias”.

“Na eleição de 2012, minha campanha recebeu a doação de R$ 3.562.500,00 do Diretório Nacional do PT, R$ 290.000,00 do Diretório Regional do PT e o restante conforme listado na prestação de contas do TSE”, disse ele em nota.

“O Município de Goiânia, sob a minha administração, nunca teve nenhum serviço contratado junto a essa empresa. Reafirmo mais uma vez que todas as despesas de minha campanha foram as declaradas ao TRE. Não pratiquei na campanha de 2012 e em nenhuma outra quaisquer atos ilícitos”, completou o prefeito.

NOTA DO SENADOR DEMÓSTENES TORRES

“Em decorrência da publicação de lista de políticos que teriam recebido doações, conforme planilha apreendida recentemente, na qual consta o nome do ex-senador Demóstenes Torres, o advogado Pedro Paulo de Medeiros esclarece:

1) Em setembro de 2010, a campanha eleitoral recebeu duas doações, que totalizaram o valor de R$ 1,2 mi, uma da empresa Leyroz (R$ 960 mil) e outra da empresa Praiamar (R$ 240 mil); ambas compõem o Grupo Petrópolis;

2) As doações foram feitas via transferências bancárias e aplicadas conforme a lei na campanha eleitoral de 2010, tanto que a prestação de contas foi aprovada pela Justiça Eleitoral com parecer favorável do Ministério Público Eleitoral.”

SIGILO


Nesta quarta-feira (23), depois de as planilhas terem sido divulgadas na imprensa, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância, determinou o sigilo sobre os documentos.

Segundo o juiz Sérgio Moro, as tabelas apreendidas pela PF que citam políticos não têm, em princípio, relação com o que a força-tarefa da Lava Jato chama de “estrutura profissional” de pagamento de propina em dinheiro no Brasil.

“Aparentemente, na residência de Benedicto Barbosa da Silva Júnior, foram apreendidas listas com registros de pagamentos a agentes políticos. Prematura conclusão quanto à natureza desses pagamentos. Não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e o referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos”, diz o juiz no despacho.

“De todo modo, considerando o ocorrido, restabeleço sigilo neste feito e determino a intimação do MPF para se manifestar, com urgência, quanto à eventual remessa ao Egrégio Supremo Tribunal Federal para continuidade da apuração em relação às autoridades com foro privilegiado”, conclui Moro.