Polônia e Otan dizem que explosão na fronteira foi causada por defesa aérea ucraniana
O presidente da Polônia e o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)…
O presidente da Polônia e o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) disseram nesta quarta-feira que um míssil de defesa aérea ucraniano provavelmente causou a explosão que matou duas pessoas em território polonês ontem, mas enfatizaram que Kiev não é culpada por ter agido em autodefesa.
—Não temos evidências no momento de que tenha sido um foguete lançado pelas forças russas — disse Duda a repórteres. —No entanto, há muitas indicações de que foi um míssil usado pela defesa antimísseis da Ucrânia.
O presidente Andrzej Duda observou que as forças russas lançaram uma enxurrada de ataques com mísseis na Ucrânia na terça-feira. Ele disse que as primeiras indicações sugeriam que os esforços ucranianos para combater a barragem causaram um “infeliz acidente” na Polônia — não um ataque direto ao seu país. Na véspera, a Ucrânia havia afirmado que conseguiu derrubar 70 de 100 mísseis lançados pela Rússia — os destroços de um deles atingiram um prédio em Kiev.
Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, disse após uma reunião dos enviados da aliança em Bruxelas que uma análise preliminar sugere que o incidente “provavelmente foi causado por um míssil de defesa aérea ucraniano disparado para defender o território ucraniano contra ataques de mísseis de cruzeiro russos”.
— Deixe-me ser claro. Isso não é culpa da Ucrânia — disse ele. — A Rússia tem a responsabilidade final enquanto continua sua guerra ilegal contra a Ucrânia.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia negou que um de seus mísseis esteja envolvido na explosão, pela qual o presidente Volodymyr Zelensky culpou a Rússia na terça-feira, chamando de “escalada” de Moscou. A Rússia negou envolvimento, também na terça, e disse que não apontou nenhum míssil para a fronteira com a Polônia.
Duda também enfatizou que os eventos na Polônia ocorreram em meio a um ataque russo “maciço e sem precedentes” à Ucrânia.
—A Ucrânia se defendeu, o que é óbvio e compreensível, também disparando mísseis cuja tarefa era derrubar mísseis russos — disse ele. — Portanto, estávamos lidando com um confronto muito sério causado pelo lado russo, assim como todo o conflito — acrescentou.
Imediatamente após a explosão, surgiram questões sobre se a Polônia poderia invocar o Artigo 5 do tratado da Otan, que compromete seus membros com a defesa mútua, afirmando que um ataque a um é um ataque a todos.
Mas a Polônia sugeriu que, em vez disso, poderia invocar o Artigo 4 da Carta, que afirma que qualquer país membro da Otan pode solicitar uma consulta formal entre todos os membros sobre uma questão preocupante.
O primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, disse a repórteres na quarta-feira que “pode não ser necessário” fazer isso, já que atualmente “não há nada que indique que foi um ataque ao território polonês”.