Comportamento

Por que há um movimento de mulheres que não quer mais usar sutiã?

Apesar dos relatos de desconforto, não há nenhum estudo que comprove que o uso da peça pode efetivamente prejudicar a mulher ou gerar problemas de saúde

Quem é mulher sabe que usar sutiã pode ser um grande incômodo. A alça apertada, o ferrinho embaixo, os elásticos atrás – tudo pode machucar e tem dias que dá vontade de tirá-lo no meio da rua.

Por outro lado, existe o constrangimento de sair de casa sem sutiã. Afinal, muitas pessoas apontam essa peça como fundamental no vestuário feminino. Acontece que há muitas mulheres, especialmente a nova geração feminista, que pensa o contrário.

Olívia Nicoletti, 25 anos, diz que nunca gostou de usar sutiã pelo incômodo, mas a decisão de deixar de usá-lo não foi tão simples. “Sinto falta de ar, pressão e até ânsia de vômito dependendo do modelo. Não foi uma decisão completamente segura ou ‘fácil’ de ser tomada, mas acredito que, com a maturidade, começamos a deixar de lado certas coisas impostas pela sociedade pensando no nosso bem-estar”, explica.

Apesar de algumas mulheres não se sentirem bem com sutiã, o mastologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Antônio Frasson, afirma que, até agora, não há nenhum estudo que comprove que o uso da peça pode efetivamente prejudicar a mulher ou gerar problemas de saúde, como câncer de mama. Na opinião de Frasson, a tendência é “mais um modismo comportamental que uma prevenção”.

O movimento contra o sutiã é uma marca do movimento feminista há muito tempo. Em 1968 aconteceu a “Queima dos Sutiãs”, quando aproximadamente 400 ativistas se reuniram em 7 de setembro em Atlanta, nos Estados Unidos, para fazerem um protesto. A intenção era queimar a peça e outros itens que simbolizavam a feminilidade, mas a fogueira acabou não acontecendo.

Uma das dúvidas de mulheres é como se vestir sem o sutiã. Olívia afirma que, muitas vezes, é desafiador. Especialmente pelos olhares e julgamentos das pessoas. “Elas olham, cochicham e reparam, claro. No começo me incomodava um pouco, mas passei a relevar”, afirma. No entanto, há algumas situações que ela se sente pressionada a usar algo por baixo da blusa.

“Tento ter parcimônia: não uso certas roupas no trabalho ou ambientes mais formais e, quando uso, coloco um sutiã sem bojo, aro ou qualquer coisa de ferro, por baixo ou um top. Acho que ficou até mais divertido me vestir depois de tomar essa decisão ” diz Olívia. “Espero realmente que algum dia se torne uma peça optativa e não imposta.”