Preço da carne cai pela primeira vez após 16 meses, mas alta acumulada ainda é de 22%
Redução em outubro aparece nos dados do IPCA-15, a prévia da inflação oficial
Depois de 16 meses consecutivos de alta, os preços das carnes caíram no país em outubro. É o que apontam os dados do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), conhecido como a prévia da inflação oficial
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os dados nesta terça-feira (26).
Em outubro, os preços das carnes tiveram baixa de 0,31%, conforme a pesquisa. A última queda havia ocorrido em maio do ano passado (-1,33%).
Apesar da trégua, as carnes ainda acumulam alta de 22,06% em 12 meses. Neste ano, de janeiro a outubro, a inflação prévia acumulada pelo grupo é de 10,27%.
Queda no preço da carne está associada à China
Segundo o economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a queda nos preços em outubro pode ser associada à suspensão de exportações das carnes brasileiras para a China.
A paralisação ocorreu após o registro de dois casos atípicos de vaca louca em setembro. Com a trégua na demanda chinesa, a tendência é de que uma quantidade maior de mercadorias seja destinada ao mercado interno, levando os preços para um patamar inferior.
“A gente vai ver uma queda mais intensa de acordo com a duração desse efeito de paralisação das exportações. A China não deve manter o embargo por muito tempo. Quanto maior for o tempo do embargo, maior é a probabilidade de a gente ver queda no preço”, aponta Braz.
O economista pondera que, devido à alta acumulada ao longo da pandemia, o consumidor precisará de novas reduções nos preços para sentir um alívio no bolso.
“A taxa em 12 meses das carnes ainda está acima de 20%. Então, é preciso ter muitas quedas para que o consumidor volte a consumir carnes como antigamente”, relata o pesquisador.
De 18 cortes que compõem o segmento de carnes no IPCA-15, 12 tiveram baixa nos preços em outubro. A maior queda foi na capa de filé (-1,83%).
Seis cortes registraram alta nos preços. O maior avanço foi o da picanha (2,88%).
Durante a crise sanitária, a escalada inflacionária e o desemprego levaram mais pessoas a buscarem doações e até mesmo restos de carnes para alimentação.
Um desses casos ocorreu no Rio de Janeiro. Na capital fluminense, um caminhão ficou conhecido por distribuir ossos para um grupo com fome. Cidades como Cuiabá (MT) também registraram filas em busca de restos de ossos de boi.
Em outubro, o IPCA-15 teve variação geral de 1,20%, a maior para o mês desde 1995 (1,34%). Com o novo resultado, a prévia da inflação atingiu 10,34% no acumulado de 12 meses.